Economia

Desemprego volta a aumentar em Setembro. Portugal supera os 410 mil desempregados

Há mais 108 mil desempregados do que há um ano, segundo os indicadores divulgados pelo Instituto do Emprego e Formação Profissional. Mulheres, jovens e inscritos há menos de um ano respondem pelo maior incremento

Marcos Borga

Com os efeitos da limitação ao despedimento impostas pelo lay-off simplificado a chegarem ao fim, os números do desemprego registado voltam a aumentar em setembro. O último mês fechou com 410.174 desempregados inscritos nos centros de emprego nacional. São mais 36,1% (108.892) desempregados do que em período homólogo, setembro de 2019, e mais 0,2% (843) do que os registados em Agosto, revelam os indicadores hoje divulgados pelo Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP).

Ao longo do mês de setembro inscreveram-se nos centros de emprego nacionais 54 769 desempregados, mais 7,4% (+3.791) do que em período homólogo e de 27,3% (+11 736) em cadeia. E embora as ofertas de emprego recebidas ao longo do mês e as colocações realizadas tenham registado um aumento face ao mês de Agosto - de 28,8% (+ 2.637) e de 23,3% (+1.556), respetivamente - não foram suficientes para inverter a aumento do desemprego.

O grupo dos jovens com menos de 25 anos é o que causa maior preocupação com um aumento homólogo do desemprego registado de 51,1% (+15.153) e de 5,2% (+2.227) em cadeia, ou seja, face ao mês de Agosto. Há atualmente 44.848 desempregados com menos de 25 anos inscritos nos centros de emprego nacionais.

"A nível regional, o desemprego registado aumentou na generalidade das regiões, com excepção para a Região Autónoma dos Açores. Dos aumentos homólogos, o mais pronunciado deu-se na região do Algarve (+157,5%). No oposto encontra-se a região dos Açores com -1,2%", explica o IEFP. Já a análise dos dados por grupos profissionais mostra que os “Trabalhadores não qualificados“ (24,2%), os “Trabalhadores dos serviços pessoais, de proteção segurança e vendedores” (21,8%) e o "Pessoal Administrativo" (11,8%) foram os mais representativos do desemprego registado no continente.

A comparação homóloga, face ao mesmo mês de 2019, mostra que o grupo "Trabalhadores dos serviços pessoais, de proteção segurança e vendedores" foi o que registou maior aumento do desemprego registado, +56,5%, seguido dos grupos "Operadores de instalações e máquinas e trabalhos de montagem e "Pessoal administrativo", com aumentos de 52,5% e 38,7%, respetivamente. 72,7% dos 352.732 desempregados registados no continente "tinham trabalhado em atividades do sector dos serviços, com destaque para as atividades imobiliárias, administrativas e dos serviços de apoio (28,9%); 20,8% eram provenientes do sector secundário, com particular relevo para a construção (6,2%), ao sector agrícola pertenciam 3,8% dos desempregados", explica o IEFP.

O desemprego aumentou nos três sectores de atividade económica face ao mês homólogo de 2019, com maior expressão no sector "serviços" (+44,7%). "A desagregação deste sector de atividade económica permite observar que as subidas percentuais mais acentuadas, por ordem decrescente, se verificaram nas atividades de: Alojamento, restauração e similares (+91,5%), Transportes e armazenagem (+67,8%) e Atividades imobiliárias, administrativas e dos serviços de apoio (+53,1%)". Já no sector secundário, destacam-se as subidas registadas nos ramos da "Indústria do couro e dos produtos do couro" (+52,5%), da "Fabricação de veículos automóveis, componentes e outros equipamentos de transporte" (+46,5%) e da "Indústria do vestuário" (+36,1%).

No final do mês, 14.398 ofertas de emprego ficaram por preencher. São menos 4.528 (23,9%) ofertas do que em Setembro de 2019, mas mais 822 (6,1%) do que as que ficaram por preencher em Agosto deste ano.