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Economia

Carlos Costa e a investigação sobre a queda do BES: “Opiniões não mudam a lei”

Ex-governador reitera que decisões judiciais anteriores impediam afastamento de Ricardo Salgado em 2013. Carlos Costa defende que deliberações no Banco de Portugal foram sempre coletivas

Carlos Costa foi governador do Banco de Portugal entre 2010 e 2020

Não, Ricardo Salgado não podia ter sido afastado da liderança do Banco Espírito Santo (BES) um ano antes do colapso. Não, o Banco de Portugal (BdP) não tinha bases para uma decisão que fosse contra as decisões já existentes do tribunal. É com esta posição que Carlos Costa, governador durante dez anos, reage ao Expresso à notícia do “Público” que revela as principais conclusões do relatório secreto que avaliou o papel do supervisor no acompanhamento da queda do BES. É a primeira vez que fala desde que terminou o mandato, em julho passado.

Em causa está o relatório final da avaliação da ação do BdP ao caso GES/BES concluído em abril de 2015 e até agora mantido em segredo. Já se sabia que o documento era crítico da supervisão feita ao BES (tanto no seu mandato como no de Vítor Constâncio), mas foi o “Público” que revelou os pormenores, três meses depois de Carlos Costa ter abandonado o cargo para dar lugar a Mário Centeno. Segundo o diário, teria sido possível ao supervisor liderado por Carlos Costa afastar, com base em pressupostos de idoneidade, Ricardo Salgado, o presidente do BES durante mais de duas décadas, embora ainda não tivesse sido alvo de qualquer condenação judicial.