Não, Ricardo Salgado não podia ter sido afastado da liderança do Banco Espírito Santo (BES) um ano antes do colapso. Não, o Banco de Portugal (BdP) não tinha bases para uma decisão que fosse contra as decisões já existentes do tribunal. É com esta posição que Carlos Costa, governador durante dez anos, reage ao Expresso à notícia do “Público” que revela as principais conclusões do relatório secreto que avaliou o papel do supervisor no acompanhamento da queda do BES. É a primeira vez que fala desde que terminou o mandato, em julho passado.
Em causa está o relatório final da avaliação da ação do BdP ao caso GES/BES concluído em abril de 2015 e até agora mantido em segredo. Já se sabia que o documento era crítico da supervisão feita ao BES (tanto no seu mandato como no de Vítor Constâncio), mas foi o “Público” que revelou os pormenores, três meses depois de Carlos Costa ter abandonado o cargo para dar lugar a Mário Centeno. Segundo o diário, teria sido possível ao supervisor liderado por Carlos Costa afastar, com base em pressupostos de idoneidade, Ricardo Salgado, o presidente do BES durante mais de duas décadas, embora ainda não tivesse sido alvo de qualquer condenação judicial.