Economia

Ramalho confirma auditoria específica a créditos da Promovalor, de Luís Filipe Vieira

Fundo de Resolução pediu auditoria específica a transações do banco com a Promovalor.

TIAGO MIRANDA

António Ramalho confirmou que o Novo Banco está a realizar uma auditoria específica, a pedido do Fundo de Resolução, às operações mais recentes em torno do grupo Promovalor, de Luís Filipe Vieira.

Sem nunca enunciar o nome do devedor, mas respondendo a uma pergunta na comissão de Orçamento e Finanças sobre o tema, António Ramalho especificou que as operações recentes sobre este grupo económico foram "analisadas em detalhe e autorizadas pelo Fundo de Resolução, que pediu uma auditoria específica, que está em curso".

O Correio da Manhã tinha já noticiado que o Fundo de Resolução, dono de 25% do banco e responsável por cobrir perdas num determinado conjunto de ativos problemáticos, tinha pedido uma auditoria específica, sendo que a Promovalor surge também na auditoria especial realizada pela Deloitte aos atos de gestão entre 2000 e 2018.

Nessa auditoria, publicada na semana passada, Ramalho diz que não foi encontrado nenhum incumprimento nos procedimentos seguidos. O grupo causou, segundo o jornal, perdas de 225 milhões ao Novo Banco entre 2014 e 2018.

Ainda ontem o Expresso noticiou que foi concedido um crédito em 2017 para socorrer a tesouraria de um ativo no Brasil que pertencia à Promovalor.

O CEO do banco herdeiro do BES declarou que não podia falar de clientes concretos, mas assegurou que nunca houve um aumento de exposição aos devedores, mas, neste caso, tinha sim ocorrido uma consolidação da dívida, que permitiu obter garantias adicionais. "É uma reestruturação que aumenta a capacidade, com garantias reais sobre ativos situados fora de Portugal".

Como o Expresso escreveu ontem Luís Filipe Vieira chegou a um acordo com o Novo Banco para a reestruturação da sua dívida no final de 2017. A passagem de ativos para o fundo FIAE, da gestora de capital de risco Capital Criativo (atual C2 Capital), só aconteceu mais tarde. Os ativos que a Promovalor tinha em Portugal e Moçambique foram integrados no FIAE em dezembro de 2018, mas os do Brasil somente em dezembro de 2019. A C2 Capital tem Nuno Gaioso Ribeiro, administrador do Benfica, como CEO.

Na audição, houve menções a grupos económicos devedores do Novo Banco e identificados na Deloitte, mas, como o documento não é público, não se sabe sobre quem Ramalho e os deputados falam.