Foi criada no último dia de julho, tem sede em Guimarães e chama-se Zenithodyssey. Começou com dois euros, mas os seus acionistas ali colocaram recentemente outros 98 mil euros. Tem como missão a “compra e venda de participações sociais” e a “prestações de serviços de apoio à gestão”. É gerida pelo empresário Rui Armindo Freitas. Com pouco mais de um mês de existência, prepara-se para comprar uma participação na Media Capital à Prisa. É através desta sociedade que o Grupo CIN e outros empresários do norte do país se preparam para investir e ficar com 16% na proprietária da TVI.
A Zenithodyssey é detida, em 50%, pelo grupo de tintas CIN – Corporação Industrial do Norte, da Maia. Na sua administração, a CIN conta com Manuel Alves Monteiro, para a qual foi reconduzido em junho, poucos dias antes de subir a presidente executivo da Media Capital. Esta sociedade tem outras sociedades sediadas em Santo Tirso, Fafe e Guimarães, na estrutura acionista.
O empresário Filipe Barbosa Carvalho é dono da Volume Volátil, sociedade constituída no último dia de agosto. Há mais acionistas da Zenithodyssey, como o grupo têxtil Polopique, do empresário Luís Lopes Guimarães, e a Zafgest, que pertence a Rui Armindo Freitas, eleito para a assembleia municipal de Guimarães pelo PSD e que assume o papel de gerente desta sociedade-veículo. A Alfredo & Costa – Imobiliária termina este leque de acionistas.
O contrato para a entrada da Zenithodyssey – “sujeito a determinadas condições acordadas entre as partes”, mais especificamente o acordo dos credores da Prisa – foi assinado a 3 de setembro e comunicado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) no dia 10. No entanto, é a ela imputada já a posição de 16% da empresa que detém a produtora Plural e a rádio Comercial.
Segundo maior acionista
A Zenithodyssey fica com 16% da Media Capital, mas há um acionista com 20%, a Triun, também com acordo celebrado a 3 de setembro com a Prisa, como também foi comunicado na noite de quinta-feira à CMVM. Esta sociedade é liderada por Paulo Gaspar, filho de Avelino Gaspar, o detentor do grupo Lusiaves.
Há uma semana, precisamente no dia em que o acordo foi celebrado, Paulo Gaspar disse ao Expresso que não havia qualquer negociação: “Neste momento não estamos a negociar nem comprámos nada da Media Capital”.
A Triun torna-se, assim, na segunda maior acionista da Media Capital, onde Mário Ferreira continua a ter 30%, depois de ter adquirido essa posição à Prisa em maio passado. Mário Ferreira é administrador da Mystic Invest, onde também está como vogal Manuel Alves Monteiro.
Um terceiro comunicado foi já divulgado também à CMVM com um outro novo acionista da empresa que detém a TVI. Neste caso é a Fitas e Essências, que tem um sócio maioritário Stéphane Rodolphe Piciotto, que celebrou um acordo com vista à aquisição de 3% da Media Capital “assim que se verifiquem as condições suspensivas”.
A Fitas e Essências foi criada no início de 2019, tendo como objeto serviços de desenvolvimento de design e investigação e desenvolvimento na indústria de confeção de vestuário em série. Piciotto é administrador da empresa do sector têxtil Confetil.
Houve mais acionistas a assinar os acordos com a Prisa, para a compra da participação de 64% que tinha na Media Capital, mas não foram todos comunicados já.
Segundo noticiado pelo Expresso, entrará um consórcio liderado pelo grupo IBG - International Business Group, do empresário da construção António Sá, que tem um acordo para adquirir cerca de 12% da Media Capital, sendo que será por aqui que o cantor Tony Carreira fará o seu investimento. Cristina Ferreira deverá ficar com 2,5% da empresa, enquanto Pedro Abrunhosa assumirá uma posição de 2%. Nenhuma destas aquisições foi confirmada à CMVM por agora.
Comunicados sem preços
Nenhum dos comunicados que deu entrada no site da CMVM adianta qual o preço a que as aquisições foram feitas. Na semana passada, o Expresso avançou que as transações seriam realizadas a 67,63 cêntimos por ação, o que implica um investimento de 11,4 milhões da Triun, de 9,1 milhões da Zenithodyssey e ainda de 1,7 milhões da Fitas e Essência.
A Prisa deverá receber 36,9 milhões de euros pela venda de toda a sua posição.