A Cofina apresentou prejuízos de 1,3 milhões de euros no primeiro semestre deste ano, um resultado que o grupo dono do Correio da Manhã atribui aos custos não recorrentes que teve com a compra falhada sobre a Media Capital, no início deste ano.
Segundo comunicado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), a companhia presidida por Paulo Fernandes revela que os custos com a compra (mal sucedida) da Media Capital, que abortou no início deste ano, ascenderam a 1,6 milhões de euros. “Sem estes custos, a empresa registaria resultados líquidos positivos”, indica o documento.
A Cofina já tinha indicado que teria prejuízos semestrais, mas agora culpa-os por conta destes fatores extraordinários. Assim, o prejuízo foi de 1,3 milhões, quando no mesmo período de 2019 alcançara lucros de 3 milhões.
Em relação à atividade empresarial, as receitas da Cofina no primeiro semestre, afetadas pelos efeitos da covid-19, ascenderam a 34 milhões de euros, menos 20% do que no semestre homólogo. A maior quebra foi sentida nas receitas de publicidade (-28%). “Relativamente às receitas, tem-se vindo a assistir a uma recuperação face aos níveis atingidos no período de confinamento”, aponta a empresa.
Já os custos recorrentes da detentora de jornais como Record e Jornal de Negócios bem como das revistas Sábado e TV Guia deslizaram 15%, situando-se nos 30 milhões. “O grupo reforçou as medidas de contenção de custos, das quais se destacam, a revisão das tiragens dos produtos (ou seja, número de exemplares impressos), a redução do número de páginas, a redução dos custos editoriais, a redução de ações de marketing, a cessação temporária da distribuição do jornal Destak (gratuito) e a implementação de medidas de contenção de outros custos”, continua o documento.
O resultado operacional (EBITDA recorrente, antes do impacto de juros, impostos, depreciações e amortizações) deslizou assim 45,5% para 4,2 milhões. A Cofina assegura ter capacidade para "gerir eventuais necessidades adicionais de fundos para manutenção da atividade neste período de incerteza".
Sem provisão para caução de 10 milhões
Nas contas do semestre, a Cofina optou por não incluir qualquer provisão para a caução de 10 milhões que está bloqueada no BPI da compra da Media Capital à Prisa.
“A Cofina entende que os pedidos da Prisa carecem de qualquer fundamento e apresentou a sua resposta no âmbito do referido processo arbitral. É, por isso, entendimento do conselho de administração do Grupo Cofina, com base na informação disponível, atual e de conhecimento à data, suportado nos seus assessores legais, que o montante será devolvido ao grupo, motivo pelo qual não procedeu ao registo de qualquer provisão”, explica a empresa de media.
O caso está em discussão arbitral na Câmara do Comércio e Industria Portuguesa, onde a Prisa também pede uma eventual condenação por danos sofridos.
Na senda da compra falhada, a Cofina viu-se obrigada a lançar uma posterior oferta pública de aquisição sobre os 5% da Media Capital que não pertenciam à Prisa e optou por lançá-la sobre 100% do capital. Contudo, os espanhóis já acordaram a venda dessa participação a outros investidores.