Economia

Reservas de ingleses a subir no Algarve logo após a luz verde do Reino Unido para corredor aéreo

Lagos, onde o surto da festa em Odiáxere pesou no primeiro chumbo do Reino Unido, garante ter o destino seguro e espera com o regresso dos ingleses ter ocupações a 60% em setembro, quando as previsões para o mês não iam aquém dos 20% em julho

Frank Nurnberger/Unsplash

O Algarve sentiu um efeito imediato nas reservas de ingleses logo que o Reino Unido anunciou, na quinta-feira, a inclusão de Portugal na lista de corredores aéreos, isentando os seus cidadãos de terem de cumprir quarentenas de duas semanas ao regressar ao país.

"Num só dia, houve muitas reservas do mercado inglês, não só nos hotéis, mas também em rent-a-cars e outros serviços turísticos", adianta Hugo Pereira, presidente da Câmara Municipal de Lagos, concelho onde os britânicos representam habitualmente um terço do turismo total na região.

O regresso dos britânicos está a animar as expectativas no Algarve para o resto do verão, que nesta altura estavam retraídas. "Entre final de agosto e a primeira quinzena de setembro, esperamos ter taxas de ocupação entre 50% a 60%. Perante o cenário de não haver corredores com o Reino Unido, íamos ficar pelas taxas de ocupação que tivemos em julho, entre 20% a 30%", avança ainda o autarca de Lagos.

Os anteriores chumbos do Governo britânico a Portugal para pontes aéreas fizeram mossa no Algarve e não foram bem aceites na região. "A decisão devia ter vindo mais cedo, para haver justiça, Inglaterra decidiu excluir Portugal com um critério que não era clínico, o Algarve tinha na altura dois casos ativos, não se percebe. Mas como se costuma dizer, mais vale tarde do que nunca", frisa Hugo Pereira.

"Se há um destino seguro para os britânicos é o Algarve"

O primeiro chumbo do Reino Unido, em junho, verificou-se logo após ter ocorrido uma festa em Odiáxere, da qual resultou um surto de infetados, e que foi largamente divulgada em meios britânicos, numa altura em que havia jornalistas no Algarve a cobrir o caso Maddie Maccann.

"Essa fatídica festa foi uma situação que nunca devia ter acontecido, e, se não fosse isso, Lagos tinha passado ao largo da covid-19", faz notar o presidente da câmara, pondo a tónica na "forma muito eficaz como a situação foi controlada, também pela população. Temos hoje zero casos da festa, que gerou 106 casos ativos e podíamos ter com isso um surto muito grande, ir para os 400 ou 500 casos".

"Foram testadas 2 mil pessoas na região, o que é uma capacidade de testagem muito elevada, e isso permitiu-nos travar o surto. Temos de momento 80 mil a 100 mil pessoas a conviver em Lagos, e só temos nove casos ativos", destaca Hugo Pereira, frisando que "perante um problema, tivemos capacidade para o resolver, as coisas estão controladas, e se há um destino seguro para os britânicos, é o Algarve".

Com os anteriores chumbos do Reino Unido a Portugal, muita da operação do verão já ficou perdida na região. "Esta dependência do Algarve a uma única ilha, criou-nos uma dificuldade", constata o autarca.

Lagos não é um destino tão exposto a turismo britânico como outros no Algarve, designadamente Albufeira, mas "hotéis que dependem mais de ingleses estão em agosto com 20% a 30% de ocupação, outros que já misturam mais nacionalidades estão entre 60% a 80%", refere Hugo Pereira.

Após um mês de junho fraco, com os hotéis a 10%, e um julho com ocupações a 20% ou 30%, "em agosto já se começou a sentir um cheirinho no Algarve", e em Lagos houve "um turismo interessante de portugueses, espanhóis ou franceses", mas que não conseguem compensar em volume a baixa sentida do lado do mercado britânico.

"Temos tido um verão que não é o que esperávamos, mas com a alegria possível. As praias estão muito compostas e os restaurantes a conseguir dar a volta de alguma forma, mas com um decréscimo", refere o presidente da câmara de Lagos.

A perspetiva de ter mais turistas ingleses em setembro também é animadora porque apanha também o início da temporada de golfe no Algarve.

"Se tudo correr bem, se a pandemia se mantiver controlada em Portugal e em Inglaterra não se descontrolar, vamos ver se em setembro conseguimos ter mercado inglês na reabertura do golfe, e também é importante para o turismo de natureza", adianta Hugo Pereira.

"Está tudo muito instável, mas dentro da instabilidade espero que em setembro possamos ter mercado inglês a animar a região, numa altura em que há menos portugueses e espanhóis", conclui o autarca de Lagos.