Economia

Governo leva ex-presidente do Técnico para administração da CGD. Mas por menos de um ano

Caixa Geral de Depósitos passa a ter 16 administradores com entrada de Arlindo Oliveira, que assume uma função que, em 2019, custou à instituição bancária cerca de 7 mil euros por mês em remunerações. Engenheiro é ligado à inteligência artificial

Tiago Miranda

A meses de terminar o mandato, a administração da Caixa Geral de Depósitos tem um novo membro. Arlindo Oliveira, presidente do Instituto Superior Técnico durante sete anos, foi eleito esta semana. O engenheiro terá funções não executivas, segundo revelou o banco em comunicado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

“A Caixa Geral de Depósitos, S.A. informa que por Deliberação Unânime por Escrito do seu acionista único, de 05 de agosto de 2020, considerando a não oposição do Banco Central Europeu quanto à avaliação da adequação do membro do órgão de administração, foi eleito como membro não executivo do Conselho de Administração da Caixa Geral de Depósitos, S.A., para completar o mandato de 2017-2020, o Senhor Professor Arlindo Manuel Limede de Oliveira com efeitos a partir de 04 de agosto de 2020”, indica a nota da CMVM.

Com 57 anos, o professor do Técnico, que o presidiu entre 2012 e 2019, chega agora à administração da CGD, embora com funções de acompanhamento do trabalho da gestão executiva. Segundo o seu curriculum, já tem ligações ao banco público: fazia parte do conselho de assessoria digital da instituição financeira.

Aliás, o seu percurso profissional ligado à engenharia e à ciência da computação traz uma nova área de competência ao conselho de administração, num momento em que os algoritmos, os dados e a inteligência artificial ganham destaque na banca. No final do ano passado, deu uma entrevista ao Expresso dizendo que a análise de grandes dados (big data) poderá aumentar a esperança média de vida das populações.

Arlindo Oliveira entra em funções em agosto quando o mandato termina no final do ano, sendo que a eleição da próxima equipa do banco estatal deverá ser nomeada em Assembleia-Geral, que costuma realizar-se em maio. Ficará menos de um ano no cargo, pelo menos neste mandato.

A equipa de administração da CGD é presidida por Rui Vilar, contando com seis outros membros não executivos, e inclui os oito elementos da gestão executiva, encabeçada por Paulo Macedo, sendo que esta última é aquela que gere o banco no dia-a-dia. Recentemente, a Caixa tinha perdido um administrador não executivo, com a passagem de Alberto Miranda para o Governo, especificamente para a secretaria de Estado das Comunicações.

Os administradores não executivos do banco público auferiram, em 2019, um salário mensal de 3,5 mil euros, o que totaliza 49 mil euros ao final de 14 meses. Só que também recebem senhas de presença por cada reunião em que participaram, no valor de 3,7 mil euros cada, num total de 49 mil euros. Assim, a remuneração anual bruta ascendeu, para cada um destes administradores sem funções executivas, a 98 mil euros. Por mês, serão cerca de 7 mil euros.