Economia

Paulo Macedo: limite às comissões cobradas a clientes dificulta reforço de solidez dos bancos

Caixa diz que não vai substituir comissões proibidas legalmente por novos encargos. Mas diz que levanta dúvidas sobre sustentabilidade do sector

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O presidente executivo da Caixa Geral de Depósitos considera que o limite decidido pelo Parlamento a várias comissões bancárias cobradas a clientes, como a do processamento de comissões nas prestações de créditos, é um passo que vai dificultar que os bancos dêem retorno. Sem esse retorno, não há investidores interessados em colocar dinheiro na banca. Só que, diz Paulo Macedo, o sector vai precisar desses novos investidores.

Questionado na conferência de imprensa de apresentação de resultados semestrais (quebra de 41% dos lucros), que decorreu esta sexta-feira em Lisboa, Paulo Macedo disse que o objetivo do banco “não é substituir a comissão A pela comissão B”.

“Temos é de pensar como a banca vai gerar retorno para alguém querer investir no capital de um banco. E o que se diz é que vários bancos vão precisar de reforçar”, declarou Paulo Macedo, referindo-se às dificuldades que a banca poderá sentir por conta do impacto macroeconómico da pandemia de covid-19, nomeadamente com quebras de produto de 20%.

“Mais do que ter rentabilidades negativas, a banca tem um prejuízo acumulado brutal”, lembra o líder da instituição pública.

Além desta pressão na área dos proveitos, Paulo Macedo criticou a aposta do Governo numa nova contribuição sobre a banca, como ficou definido no Orçamento Suplementar.

Com a descida de comissões bancárias, Paulo Macedo também lembrou que tal poderá ter impacto no pessoal.

“Há um sinal inequívoco das pessoas, que é não quererem pagar comissoes tão altas. Se de facto há menos apetência pelos clientes a quererem pagar custos de comissões, isso é dizer que não querem pagar custos de estrutura dos bancos”, sublinhou.

De qualquer forma, a pandemia não acelerou a necessidade de redução de trabalhadores, que tem o plano de reestruturação para concluir até ao final do ano. Para o próximo ano, ainda não se sabe, mas Paulo Macedo deixa um aviso: “Os estudos dizem que serão fechadas 30% das agências e que haverá redução de pessoas”.