Economia

Gestão do BCP fecha portas a união com o Novo Banco

Pandemia esfria ideia de consolidação que possa juntar BCP e Novo Banco. Miguel Maya diz até que prioridade seria olhar para bancos do resto da união bancária

António Ramalho (CEO do Novo Banco) e Miguel Maya (CEO do Millennium BCP).
NUNO FOX

Miguel Maya pôs esta terça-feira um travão a uma operação que junte o BCP ao Novo Banco, uma união que ciclicamente é alvo de rumores no sector bancário.

A gestão do BCP não está interessada na compra do Novo Banco e a pandemia até deu mais certezas a essa postura, assegurou Miguel Maya em resposta a uma pergunta dos jornalistas sobre uma eventual fusão.

“Não temos nenhum projeto de crescer por aquisição em Portugal. Não está nos nossos planos, muito menos interesse teríamos num contexto como o atual”, afirmou Maya na conferência de imprensa de apresentação de resultados semestrais, com quebra de 55%, que ocorreu na sede do banco, no Taguspark, em Oeiras.

“O nosso objetivo não é ganhar dimensão pela dimensão, é ganhar a confianca de clientes, é aumentar a rendibilidade”, continuou Miguel Maya, lembrando que a quota de mercado, consoante os segmentos, é já entre 17% e 21%.

“Não temos interesse nenhum em crescer em Portugal e no estrangeiro por via de aquisições”, frisou mais uma vez o CEO do banco - aliás, Maya diz que a consolidação, tema muito falado em Portugal, deverá ser feita ao nível da união bancária e não apenas do país.

De qualquer forma, mesmo não estando nos planos qualquer aquisição, Miguel Maya lembra que é obrigatório, para qualquer gestão, consultar os dossiês que efetivamente sejam postos à venda. “Em qualquer operação que vá ao mercado, é dever de uma gestão diligente olhar para ela. Agora, se está nos planos, se é prioridade, a resposta é claríssima: não”.

O BCP tem como maiores acionistas a chinesa Fosun e a angolana Sonangol. Já o Novo Banco tem 75% do capital nas mãos dos americanos da Lone Star e 25% no Fundo de Resolução - ambos com perfil vendedor, embora o fundo americano diga que até 2021 a venda não é uma prioridade.