Economia

Bolsas europeias abrem no vermelho com impasse na cimeira

Ainda sem fumo branco na cimeira dos 27 da União Europeia sobre o Fundo de Recuperação e o orçamento até 2027, os mercados de ações do Velho Continente abriram esta segunda-feira com quedas. PSI 20 em Lisboa segue tendência europeia

Kyriakos Mitsotakis (Grécia), Giuseppe Conte, António Costa (Portugal), Angela Merkel (Alemanha), Ursula von der Leyen (Comissão Europeia), Emmanuel Macron (França, Charles Michel (Conselho Europeu) e Pedro Sánchez (Espanha).
Anadolu Agency

Ainda sem um acordo no horizonte na cimeira europeia, as bolsas do Velho Continente estão a negociar no vermelho com quedas já próximas de 1% nas principais praças de Frankfurt, Madrid, Milão e Paris. Em Lisboa, o índice PSI 20 abriu a cair 0,3%.

Depois de três dias de negociações, a cimeira dos 27 vai prosseguir em sessão plenária a partir das 15 horas (hora de Portugal) desta segunda-feira.

Em virtude da pressão do grupo liderado pelos Países Baixos, apelidado de 'frugais', nas sessões desde sexta-feira até madrugada desta segunda-feira, o patamar das subvenções a fundo perdido para enfrentar a pandemia da covid-19 já caiu da proposta inicial de 500 mil milhões de euros avançada pela Comissão Europeia para 390 mil milhões de euros. E com uma condicionante política sublinhada pelo primeiro-ministro holandês Mark Rutte esta madrugada: as subvenções devem obrigar a reformas a levar a cabo pelos países beneficiados com um papel decisivo de controlo por parte do Conselho Europeu.

Neste quadro, o volume de empréstimos no pacote global de 750 mil milhões de euros subiria de 250 mil milhões (inicialmente proposto pela Comissão) para 360 mil milhões.

Alguns analistas sublinham, no entanto, que apesar do recuo substancial no pacote de subsídios por parte da Comissão (e do eixo franco-alemão e dos países do Sul), desenha-se a possibilidade desta segunda-feira se fechar um acordo, mesmo que muito menos ambicioso, que ponha um ponto final às divergências.

Em contraste com o vermelho na Europa e os futuros em terreno negativo em Nova Iorque, a maioria das principais praças da Ásia fecharam esta segunda-feira com ganhos, destacando-se Xangai e Shenzhen com subidas de 3% e 2% respetivamente. Em Tóquio, o Nikkei 225 fechou ligeiramente acima da linha de água.

O euro depois de uma semana de valorizações em relação às principais divisas (nomeadamente, uma apreciação de 1,4% em relação ao dólar), continua esta segunda-feira a trajetória de subida.

Apesar do impasse na cimeira europeia e da perspetiva de um Fundo de Recuperação muito mais fraco do que o considerado necessário, o mercado da dívida na zona euro vai continuar muito ativo, depois de Christine Lagarde ter garantido que o Banco Central Europeu pretende usar até julho de 2021 todo o envelope de 1,35 biliões de euros do programa especial de combate à pandemia lançado em março.

A Alemanha e Portugal vão esta semana regressar ao mercado obrigacionista. O Tesouro português pretende colocar entre 1000 e 1250 milhões de euros em obrigações a 6 e 10 anos, devendo conseguir pagar taxas muito inferiores às que pagou nos últimos leilões realizados a 10 de junho. Portugal já emitiu cerca de 20 mil milhões de euros em obrigações através de três operações sindicadas e 10 leilões desde início do ano, conseguindo um custo médio de 0,5% um recorde histórico. Face ao plano para 2020 de colocação de dívida obrigacionista ligeiramente acima de 29 mil milhões de euros, o Tesouro já emitiu 67%.