O encontro foi marcado por Amílcar Morais Pires, CFO do BES e o número dois de Ricardo Salgado, com uma semana de antecedência, o tempo suficiente para as equipas em Lisboa e na Suíça prepararem o delicado dossiê que era preciso discutir com os administradores da Eurofin: o buraco provocado pelas offshores geridas por esta empresa de intermediação suíça e a necessidade urgente de arranjar novas formas de financiamento oculto.
Quando, a 21 de outubro de 2013, Morais Pires apareceu no Hotel Casta Diva, à beira do lago de Como, no Norte de Itália para a reunião secreta de dois dias com Alexandre Cadosch e Michel Creton, foi acompanhado de Isabel Almeida, diretora financeira do banco, e de mais alguns colaboradores próximos. O cenário era preocupante: o Banco de Portugal tinha determinado no mês anterior, em setembro, que quer o ramo financeiro quer o ramo não financeiro do Grupo Espírito Santo (GES) teriam de ser passados a pente fino, no âmbito das exigências impostas ao mercado bancário, o chamado ETRICC 2 (Exercício Transversal de Revisão da Imparidade da Carteira de Crédito), e da necessidade de avaliar se o nível de exposição do BES ao GES estaria dentro dos limites impostos pelas novas regras. Uma auditoria encomendada pelo BdP à PwC tinha sido entretanto iniciada dois dias antes de Morais Pires convocar a reunião em Itália e o tempo corria contra ele e os seus cúmplices.
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