Economia

Ministério Público diz que Panamá serviu para BES financiar Grupo Espírito Santo

Aplicações em papel comercial são prova para acusação do Ministério Público no âmbito do Universo Espírito Santo. Documentos de Ilhas Caimão e do Panamá também

O BES foi intervencionado a 3 de agosto de 2014
tiago miranda

O BES tinha um banco no Panamá que lhe pedia dinheiro para financiar operações do Grupo Espírito Santo, segundo a acusação do Ministério Público no âmbito do processo Universo Espírito Santo. Esta é uma das provas que se encontram no inquérito.

“Foi apurado o envolvimento indiciário da unidade bancária no Panamá, o ES Bank of Panama, e a sociedade luxemburguesa Espírito Santo Financière, no financiamento da atividade da ESI, ao abrigo de linhas de financiamento contraídas junto do BES”, assinala o comunicado da Procuradoria-Geral da República com a acusação no âmbito do processo, em que revela que acusa de crimes um conjunto de 25 arguidos, com Ricardo Salgado à cabeça.

Esta é uma das provas do despacho de encerramento do inquérito iniciado em 2014. Mas há mais, desde logo o "envolvimento do BES na concessão de crédito a entidades do GES".

Também há dados vindos das Ilhas Caimão. E muitas das provas foram factos que criaram lesados, já que envolveu produtos financeiros que ficaram sem qualquer valor após a queda do BES e do GES.

O Ministério Público considera que os crimes apurados no inquérito, desde burla qualificada a associação criminosa, causaram prejuízos de 11,8 mil milhões de euros.

Segundo o comunicado, estes são os elementos probatórios do inquérito:

"- De tomadores de instrumentos de dívida da emitente Espirito Santo International, domiciliada no Luxemburgo, ao abrigo de emissões simples e enquadradas em programas de venda de dívida regulamentados (obrigações e papel comercial), incluindo clientes do então Grupo BES e o banco suíço Banque Privée Espírito Santo;

- De tomadores de aplicações financeiras em ESI, em bancos Espírito Santo estrangeiros;

- De subscritores de Unidades de Participação de Fundos de Investimento domiciliados em Caimão, em bancos estrangeiros do Grupo Espírito Santo.;

- De tomadores de instrumentos de capital da sociedade Espírito Santo International Limited Oversears, domiciliada em Caimão;

- De tomadores de instrumentos de capital da sociedade Espírito Santo Resources Overseas Limited, domiciliada em Caimão;

- De tomadores de dívida e instrumentos de capital da sociedade Escom Mining Inc;

- De tomadores de dívida da sociedade ES Tourism Europe SA, domiciliada no Luxemburgo;

- De tomadores de dívida da sociedade Espírito Santo Financière (Esfil), domiciliada no Luxemburgo, enquadradas em programas de dívida regulamentados

- De tomadores de instrumentos de dívida da sociedade, ao abrigo de emissões simples, ou enquadradas em programas de venda de dívida regulamentados, da Rioforte Investments SA, domiciliada no Luxemburgo;

- De tomadores de instrumentos de dívida da sociedade ES Irmãos;

- De tomadores de obrigações emitidas pelo Grupo BES, BES FINANCE, BES LUXEMBOURG, BES LONDON, na oferta disponibilizada pelo banco português em séries comerciais, operações sobre títulos, gestão discricionária de carteiras e serviços de execução de ordens;

- De tomadores de instrumentos de capital de veículos domiciliados em Jersey, com os nomes de TOP RENDA, EURO AFORRO, POUPANÇA PLUS, bem como do veículo EG Premium, no âmbito da oferta de serviços prestados pelo Grupo BES aos seus clientes".