O Novo Banco vai sair de Espanha e vai tornar-se num banco praticamente com presença em Portugal. Depois de cerca de 7 mil milhões de euros colocados pelo Fundo de Resolução, a instituição financeira pôs a sucursal espanhola naquele país à venda.
A informação foi avançada pelo El Confidencial e, embora o banco não faça comentários, o Expresso sabe que a informação já foi comunicada pelo presidente executivo, António Ramalho, aos trabalhadores da sucursal (eram 198 no final do ano passado), que conta com 11 balcões no país.
De acordo com o jornal espanhol, o Novo Banco, detido em 75% pela Lone Star, contactou já bancos de investimentos para a assessoria neste negócio.
Desde 2015 que o banco está a tornar-se num banco apenas ibérico, tendo fechado as operações que tinha noutros países: sair de Cabo Verde, Ásia e França, tendo também vendido as áreas seguradoras. Agora, em 2020, a ideia é abandonar também o mercado espanhol e colocar o banco apenas em Portugal. Mantém-se no Luxemburgo, mas aí é apenas para localização do registo de operações (booking), e com presenças residuais na Suíça e Brasil.
A saída destes mercados deveu-se, em grande medida, ao plano de reestruturação que foi acordado com a Comissão Europeia aquando da venda à Lone Star, que veio acoplada com o compromisso de Portugal injetar mais dinheiro no Novo Banco, em 2017. Só que a ideia seria tornar-se num banco ibérico - o que já não vai acontecer.
A decisão de alienar a sucursal espanhola acontece depois de, no ano passado, o banco já ter fechado a venda de uma parcela de imóveis e créditos não produtivos, no projeto Albatroz, que causou perdas de 34 milhões em 2019.
A sucursal espanhola do Novo Banco registou, no ano passado, prejuízos de 103 milhões de euros (foram mais de mil milhões consolidados), tendo ativos líquidos de 2 mil milhões de euros (face a 41 mil milhões de euros em Portugal).
A decisão é conhecida publicamente quando está ainda acesa a polémica em torno da nova injeção estatal no Novo Banco, em que o banco recebeu, devido ao desempenho de ativos tóxicos, 1.035 milhões de euros do Fundo de Resolução (850 milhões de euros emprestados pelos contribuintes portugueses). Uma injeção que já levou o Parlamento a aprovar um pedido para que tenha acesso ao acordo de venda do banco à Lone Star.
Fraude descoberta este ano
A venda da sucursal espanhola acontece depois de, em fevereiro, terem sido descobertos atos alegadamente fraudulentos praticados por um ex-trabalhador.
O Novo Banco diz que o apuramento dos danos ainda está a ser feito, não tendo ainda noção sobre se pode ser imputada responsabilidade à instituição financeira.
Numa entrevista à RTP, António Ramalho disse que considerava que o eventual encargo a caber ao banco seria abaixo dos valores falados na imprensa, que são em torno de 50 milhões.