Gonçalo Pereira, gerente da MVP Gin
"Temos de redefinir estratégias, explorar outros canais de negócio e de venda"
Continua a haver espaço para mais gins portugueses no mercado?
Nós não estamos focados apenas num tipo de destilado como o gin. Mas neste tipo de destilado é importante ter um carácter diferenciador como nós apresentamos. A nossa produção ajuda na redução da pegada ecológica, sendo um produto que utiliza a abóbora manteiga que não é possível vender no mercado, além do que somos o primeiro gin a ter na sua composição esse produto, o que também nos diferencia. Relativamente a haver espaço para gins portugueses no mercado, penso que alguns dos atuais sim, desde que como nós tenham uma consolidação de projeto, um conceito forte e uma estrutura financeira que permita ultrapassar dificuldades como as atuais.
Que dificuldades é que surgiram repentinamente como resultado da pandemia?
O escoamento de stock e venda do produto, devido a grande parte dos nossos clientes estarem encerrados. A restauração é o principal veículo de consumo no nosso target, o que inviabiliza a venda do mesmo. Seja em venda direta ao consumidor ou através de empresas de distribuição o problema é transversal. Temos na adaptabilidade às novas condições e restrições, que todo o sector de venda ao público vai sofrer, o nosso maior desafio. Temos de redefinir estratégias, explorar outros canais de negócio e de venda e tentar fazer chegar o produto ao consumidor final de outras formas, e incentivar de forma criativa e eficaz o seu consumo. A incerteza dos timings desta conjuntura económica pressiona a que a nossa resposta seja mais rápida e adequada às condições que temos para operar no nosso sector e isso é outro grande desafio.
A crise pode deixar marcas permanentes?
Para conseguirmos superar a atual crise, tentámos adaptar-nos o mais cedo possível a uma nova realidade, criando um plano de contingência muito rígido. Continuamos focados no nosso projeto e estratégia a longo prazo, onde estamos a incrementar os destilados de estágio e envelhecimento. A nossa estratégia passa essencialmente por focamo-nos cada vez mais no consumidor, nas suas preferências e exigências.
António Cuco, criador e proprietário do Gin Sharish
"Acredito que haja uma contracção do mercado"
Que estratégia está a ser seguida para lidar com a Covid-19?
Acima de tudo conseguir manter a operação da empresa de maneira a evitar a ida para lay off e respectiva penalização salarial dos meus funcionários.
Esta fase obrigou a puxar pela criatividade?
Criamos novos produtos, como um gin con 75% de álcool que também pode ser usado como desinfectante, passamos a produzir uma solução anti-séptica de base alcoólica para vender a particulares e a empresas.
A expansão do gin português vai continuar?
Acredito que haja uma contracção do mercado principalmente no on trade, resultado das limitações impostas aos bares, discotecas e similares. A quebra prevista no turismo também irá condicionar essa mesma expansão.