Economia

TVI em saldos: Mário Ferreira entra com desconto de 37%

Mário Ferreira ia gastar 20 milhões para ficar com 15% da Cofina. Não aconteceu. Agora, gasta 10,5 milhões para ficar com 30% da Media Capital

Mário Ferreira
Rui Duarte Silva

A entrada de Mário Ferreira na dona da TVI foi concretizada a um preço que representa um desconto de 37% em relação ao preço que a Cofina ia adquirir a Media Capital, no início deste ano – negócio que acabou abortado. Mas a desvalorização é ainda maior, na ordem dos 69% em relação ao valor em bolsa da empresa.

Segundo confirmado pela espanhola Prisa, Mário Ferreira pagou 10,5 milhões de euros para adquirir 30,22% da Media Capital. Esta operação, como indica o grupo vendedor, que continuará como principal acionista, avalia a empresa em 130 milhões de euros.

Ora, a Cofina ia comprar a Media Capital – na operação que acabou abortada pela dona do Correio da Manhã em março – por 123 milhões de euros. Só que podia pagar 133 milhões, já que iria ainda gastar 10 milhões para ficar com 5% da empresa que não estão nas mão da Prisa. A operação avaliava a proprietária da TVI e das rádios Media Capital em 205 milhões de euros, uma diferença face ao preço que seria pago que se justificava pela dívida.

Ora, o novo valor implícito da Media Capital, definido com base nas contas do primeiro trimestre, e o valor implícito da operação protagonizada pela Cofina, no final de dezembro, corresponde a uma diferença de 37%. A diferença é ainda mais expressiva se se recuar até à primeira avaliação da Media Capital aquando da primeira proposta de preço da Cofina: 255 milhões de euros.

Este novo preço - usado como base na operação de entrada de Mário Ferreira - tem como base, explica a Prisa, a posição financeira da dona da Media Capital e da produtora Plural no fim do primeiro trimestre.

Esta transação obrigou a Prisa a reconhecer perdas adicionais de 29 milhões de euros face ao valor que a Media Capital estava reconhecida no seu balanço – ainda assim, a espanhola defende que o montante está acima das últimas estimativas de analistas de mercado.

A avaliação da Media Capital em 130 milhões de euros faz ainda uma comparação com o valor de mercado, que estava, ao fecho de quinta-feira, nos 189 milhões de euros. Uma diferença significativa, de 69%, ainda que esta capitalização bolsista resulte de uma troca de ações muito reduzida e, portanto, torna-se muito volátil.

Pagar metade para ficar com o dobro de uma empresa de media

Mário Ferreira entrou na Media Capital através da sua sociedade Pluris, depois de ter sido abortado o negócio em que o próprio ia entrar na Cofina, quando esta ia adquirir a Media Capital.

O objetivo que esteve em cima da mesa era investir até 20 milhões de euros para comprar 15% da Cofina, onde se ia tornar o segundo maior acionista – e era assim que depois ia, com a liderança de Paulo Fernandes, comprar a Media Capital. Agora, gasta menos desse montante para adquirir o dobro do capital da Media Capital.

Embora não tenha investido os 20 milhões de euros possíveis, já que não aconteceu o aumento de capital que ia permitir esse investimento, o empresário do Douro acabou ainda por comprar algumas ações da Cofina, o que acabaram por lhe render uma posição de 2% da dona do Correio da Manhã nas suas mãos.