Economia

"Paulo Fernandes tem mau perder", diz Mário Ferreira

Empresário que comprou 30,22% da TVI reage a notícia da Sábado que o aponta como alvo de investigações da PJ e da Autoridade Tributária

Vinte e cinco anos depois de se lançar com um pequeno barco no Douro, Mário Ferreira dirige um império avaliado em 625 milhões de euros.
Rui Duarte Silva

"O engº Paulo Fernandes ao saber que hoje iria perder o negócio, que abandonou por vontade própria, demonstra ter um mau perder. Acredito na justiça e as mentiras do Correio da Manhã e Sábado não passarão disso mesmo." É assim que Mário Ferreira, no dia em que fechou o acordo com a Prisa para comprar 30,22% da Media Capital por 10,5 milhões de euros, reage à notícia da revista Sábado segundo a qual o empresário é um dos alvos da investigação da Polícia Judiciária e da Autoridade Tributária (AT) em dois processos judiciais relacionados com os Estaleiros Navais de Viana do Castelo, apesar de não ter sido constituído arguido.

Segundo a Sábado, revista que pertence à Cofina grupo que também pretendia comprar a TVI, o processo da Autoridade Tributária é o mais recente dos dois e foi aberto na sequência de uma certidão extraída do inquérito em curso na Polícia Judiciária, sob a direcção do Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP).

As investigações "visam apurar crimes de administração danosa, corrupção, participação económica em negócio e estão a entrar na fase final e decorrer ainda na Unidade Nacional Contra a Corrupção da Polícia Judiciária, que deverá remeter nas próximas semanas ao Departamento Central de Investigação e Acção Penal um relatório com os factos apurados", resume a revista do grupo Cofina, liderado por Paulo Fernandes, que no ano passado tinha desafiado Mário Ferreira para alinhar ao seu lado na compra de 95% do capital da Media Capital à Prisa.

Se o negócio tivesse ido para a frente o empresário teria ficado com cerca de 15% da Cofina, que também é dona da CMTV, Correia da Manhã, Jornal de Negócios e Record, mas Paulo Fernandes desistiu da operação devido à "inesperada e muito significativa degradação da situação financeira e perspetivas da Media Capital, especialmente agravadas pelo presente contexto de emergência causado pela pandemia covid-19”.

Mário Ferreira não escondeu, na altura, a desilusão pelo fim abrupto do negócio de compra da Media Capital pela Cofina, tendo-se mostrado surpreendido pela decisão do "amigo", com quem fazia férias mais do que uma vez por ano, em família. “Fui apanhado de surpresa. Foi uma decisão tomada pelo engenheiro Paulo Fernandes [presidente da Cofina e um dos seus maiores acionistas] e os acionistas da Cofina… não fui consultado”, disse ao Expresso a 11 de março, dia em que se soube que o acordo entre a Prisa e a TVI tinha abortado.