Economia

Metade das companhias aéreas podem desaparecer, garante dirigente da IATA

O sector da aviação pode demorar entre três a cinco anos a voltar aos níveis pré-Covid. A Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA) recomenda adiamento das viagens já compradas em vez do reembolso do seu custo

D.R.

Se os governos dos vários países não injetarem rapidamente dinheiro nas companhias aéreas, metade delas não irão sobreviver à crise. E estamos a falar de um universo de mais de 300 transportadoras, que operam mais de 24 mil aeronaves em todo o mundo.

Alexandre de Juniac, diretor-geral e chefe da direção da Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA - International Air Transport Association), nem pestaneja - numa entrevista ao canal on-line canadiano RC Webdiffusions - ao afirmar que “é absolutamente urgente que os apoios financeiros já anunciados ou prometidos cheguem rapidamente às empresas”. E, acrescenta, “têm de ser apoios significativos e generosos, caso contrário no final desta crise sanitária metade das empresas já não existirão”.

Não interessa como, tem é de entrar dinheiro

Questionado sobre se esses apoios financeiros se podem traduzir em nacionalizações, Juniac não confirma nem desmente, e adianta que podem ser das mais variadas formas: injeção de capital; empréstimo; subvenção; pré-garantias; o que quer que seja.

E refere que em vários países já existem bons exemplos do que deve ser o apoio do Estado à agonia das companhias aéreas neste momento absolutamente crítico. É o caso dos Estados Unidos, França, Austrália, Emirados Árabes Unidos, China, Singapura e também a Noruega, “onde já houve intervenções estatais muito significativas”.

Três a cinco anos até a aviação voltar ao normal

Sobre a estimativa da Airbus, que aponta para três a cinco anos até que o sector da aviação regresse aos níveis pré-crise Covid-19, Juniac não se compromete com datas, adiantando apenas que a estimativa da IATA é para que, até final deste ano, se registe uma quebra de 60% no tráfego aéreo em comparação com 2019.

O diretor-geral da IATA lembra que, para além dos efeitos diretos da crise sanitária sobre o sector – que pode obrigar os aviões a transportarem menos gente de cada vez e com medidas de controle de temperatura e utilização de máscara, etc – há que contar também com o impacto económico que a crise está a ter sobre a vida das pessoas, descapitalizando-as e empurrando milhões de pessoas para o desemprego.

Voucher é aconselhado em vez do reembolso do custo das viagens já compradas

Para quem já tinha passagens compradas, Juniac considera que é mais difícil, agora, uma devolução em massa do dinheiro, “pois estamos em pleno coração da crise e as companhias estão sem condições financeiras para o poderem fazer, embora o possam concretizar para os clientes mais necessitados”. No entanto, lembra que está a ser preparado um cenário em que é atribuído um voucher a cada passageiro – com valor equivalente ao da viagem adquirida – que pode ser utilizado até um período de 12 a 15 meses.

Para quem não aceitar essa alternativa, há ainda a hipótese do reembolso a um prazo de nove a 12 meses.