O banco central dos Estados Unidos decidiu por unanimidade esta quarta-feira na reunião do Comité de Política Monetária manter a taxa diretora no mínimo histórico do intervalo entre 0 e 0,25%.
O banco sublinha que a pandemia da covid-19 representa "riscos consideráveis na perspetiva de médio prazo", muito para além da contração a curto prazo.
Jerome Powell, presidente do banco central, sublinharia na conferência de imprensa que se seguiu ao anúncio da decisão, que por médio prazo entende o horizonte do próximo ano, em que espera que efeitos negativos desta crise se continuem a manifestar - incerteza sobre o combate ao vírus, estragos no capital humano e físico, falências sobretudo no tecido das PME, medo dos consumidores em relação à evolução da pandemia, e a dimensão global da crise.
A Reserva Federal (Fed) continua, no entanto, a rejeitar a adoção de taxas negativas na remuneração das reservas excedentárias dos depósitos dos bancos, mantendo a taxa em 0,1%. Ao contrário do que sucede nomeadamente com o Banco Central Europeu.
O Comité mandatou o Banco da Reserva Federal de Nova Iorque para realizar todas as operações de mercado necessárias para garantir que a taxa diretora se mantém naquele nível mínimo. O banco central reafirma que o programa de compra de ativos continua sem teto, sem limites definidos para o montante e o tempo. Uma orientação que se distingue claramente da seguida pelo BCE que definiu montantes máximos para os dois programas em curso (o reaberto no ano passado e o especial lançado agora em março para combater os efeitos da pandemia) e o limite temporal do final do ano.
A Fed refere que esta política se vai manter até que o pleno emprego regresse e a inflação volte à trajetória de subida em direção ao objetivo de 2%. Powell referiu, na conferência de imprensa, que a Fed "não tem pressa em levantar estas medidas".
O desemprego já atingiu em abril 20% da população ativa e a inflação caiu em março para 1,5%.
Esta quarta-feira, foi divulgada a primeira estimativa da queda do Produto Interno Bruto no primeiro trimestre do ano, que terá recuado 4,8%, a maior quebra desde o segundo trimestre de 2009, quando terminou a grande recessão.
O presidente da Fed acentuou, nas declarações na conferência de imprensa, que "a economia poderá necessitar de mais apoio" por parte quer da política monetária quer da política orçamental, do Congresso, apesar das medidas muito "agressivas" já tomadas.
A próxima reunião agendada de política monetária realiza-se a 9 e 10 de junho. Em março foi cancelada a reunião agendada e foram realizadas cinco reuniões extraordinárias para enfrentar a crise da pandemia.