A dívida pública portuguesa vai disparar em 2020 para 135% do Produto Interno Bruto (PIB), fixando um novo máximo histórico, segundo as previsões do Fundo Monetário Internacional (FMI) publicadas esta quarta-feira no Fiscal Monitor.
Com a economia a contrair 8% e o défice orçamental a chegar a 7,1% do PIB, segundo as previsões do FMI, a dívida pública regressa a níveis acima de 130% em que se manteve entre 2013 e 2016.
Desde 2016 que Mário Centeno havia conseguido fazer descer o peso da dívida, até 117,6% do PIB no ano passado. O objetivo para 2020, inscrito no Orçamento de Estado, era reduzir esse peso para 116,2%. Essa rota fica, agora, interrompida em virtude do choque económico e orçamental provocado pela covid-19.
Em 2021, o esforço de redução da dívida regressa, com a previsão do FMI a apontar para uma descida para 128,5% do PIB, um corte de 6,5 pontos percentuais do PIB. Uma trajetória descendente que contrasta, nomeadamente, com o que se vai passar na vizinha Espanha - onde a dívida subirá de 113,4% em 2020 para 114,6% no ano seguinte, um máximo desde 1902.
O Fiscal Monitor, o relatório do FMI coordenado por Vítor Gaspar, o ex-ministro das Finanças português, sublinha, ainda, que as necessidades de financiamento das economias desenvolvidas vão disparar. O Japão e os Estados Unidos vão liderar nesse campeonato. No caso de Portugal, as necessidades de financiamento vão situar-se em 18,6% do PIB.
Continuando no clube das economias do euro com maior nível de sobreendividamento (acima de 100% do PIB), Portugal situa-se numa zona de risco nos mercados desenvolvidos em que a dinâmica da dívida pode provocar uma subida das taxas de juro que estão ainda em níveis historicamente baixos.