Face à oposição política da Alemanha e da Holanda aos coronabonds propostos por nove países do euro - entre eles Portugal -, a França avançou esta quarta-feira com uma proposta de criação de um Fundo Europeu específico para financiar a retoma económica após a crise gerada pela Covid-19.
"Não devemos ficar obcecados pela palavra coronabonds ou eurobonds. Devemos estar obcecados pela necessidade de dispor de um instrumento muito forte que permita a retoma económica depois da crise", disse Bruno Le Maire, o ministro das Finanças de Emmanuel Macron, em entrevista esta quarta-feira ao jornal Financial Times.
Contornando o problema de uma emissão de coronabonds pelo Mecanismo Europeu de Estabilidade, como alguns sugeriram, Le Maire avança, em alternativa, com "um fundo para 5 a 10 anos - ou seja, com um quadro temporal limitado - e com a possibilidade de ter dívida comum, mas só no âmbito desse Fundo -. O que pode ser mais aceitável para outros países, o que pode ser uma solução".
Le Maire não quer, também, que este Fundo seja integrado nas discussões sobre o quadro de financiamento plurianual (MFF, no acrónimo em inglês) de 2021 a 2027.
"Vamos pensar no mesmo tipo de possibilidade mas fora desse quadro (MFF) por um período limitado de tempo e com um foco claro na retoma económica depois da pandemia".
Recorde-se que a cimeira de líderes da União Europeia na semana passada revelou divergências internas profundas no Conselho Europeu, tendo incumbido o Eurogrupo (órgão de reunião dos ministros das Finanças do euro), dirigido por Mário Centeno, em apresentar uma proposta no prazo de duas semanas sobre a rede de segurança europeia face à crise provocada pela Covid-19.
Essa resposta tem duas "fases" - uma resposta imediata, sobre a qual deverá procurar-se um consenso na reunião do Eurogrupo a 7 de abril, e uma solução de longo prazo para as consequências da crise, depois de terminar o combate de emergência à pandemia.