A sucessão de Fernando Teixeira dos Santos à frente do EuroBic, banco que tem Isabel dos Santos como principal acionistas, mas que está a passar para as mãos dos espanhóis do Abanca, foi adiada por conta da covid-19.
Era suposto que esta segunda-feira, 30 de março, fosse o dia da assembleia-geral do EuroBic (marca comercial do Banco BIC Português), onde, além das habituais votações dos relatórios e contas anuais, se iria proceder à eleição dos órgãos sociais. O mandato da atual administração, presidida por Diogo Barrote e que tem Teixeira dos Santos como presidente executivo, terminou as funções no final do ano passado.
Só que essa reunião não se realizou, como indicado pelo presidente da mesa da assembleia-geral em exercício, Alberto Mendes Teles (até aqui era Jorge Brito Pereira, que saiu do cargo depois da polémica do Luanda Leaks). Há agora uma nova convocatória, segundo o portal de justiça.
“Sob proposta do conselho de administração do Banco BIC Português S.A. e com fundamento no Decreto-Lei n.º 10-A/2020 de 13 de março, que estabelece medidas excecionais e temporárias relativas à situação epidemiológica do novo Coronavírus — Covid-19, determino o adiamento da assembleia geral do Banco BIC Português convocada para o dia 30 de Março de 2020, pelas 11 horas, que passará para o dia 27 de Abril à mesma hora, com os mesmos pontos da ordem de trabalhos”, indica a nota assinada por Alberto Mendes Teles.
Abanca comprometido com compra
Não se sabe quais são os novos órgãos sociais propostos para este banco que está em processo de venda. O Abanca está a realizar uma auditoria aprofundada antes de adquirir pelo menos 95% da instituição financeira aos atuais acionistas, de onde se destacam Isabel dos Santos e o seu sócio Fernando Teles, que colocaram as posições à venda depois das divulgações sobre as transferências suspeitas enquanto a empresária presidia à Sonangol.
Normalmente, neste tipo de operações, os novos acionistas têm uma palavra a dizer na equipa que irá entrar em funções.
O EuroBic nada respondeu. Já o Abanca sublinhou que “a operação decorre de acordo com o planeado e o Abanca está comprometido com esta aquisição”. “O tema da assembleia-geral e do conselho de administração do EuroBic ainda não compete ao Abanca comentar”, diz a assessoria de imprensa.
A assembleia-geral é reagendada em um mês, com a justificação da covid-19, mas quando já foi assumido pelas autoridades de saúde que, nessa altura, ainda não se terá atingido o pico da propagação da doença. Esta irá realizar-se por “meios telemáticos, sendo assegurada a autenticidade das declarações, a segurança das comunicações e o registo do seu conteúdo e dos respetivos intervenientes”.
O adiamento prolonga a permanência em funções da antiga administração, cujo trabalho continua a ser analisado pelo Banco de Portugal, de modo a perceber se algo falhou na avaliação do banco às transferências feitas pela sua ainda maior acionista, Isabel dos Santos.