Economia

Christine Lagarde trava especulação

Superpacote do BCE e impulso orçamental bilionário nos EUA e na zona euro reduzem pânico financeiro

Foto ARMANDO BABANI/Lusa

Jorge Nascimento Rodrigues

Os mercados financeiros respiraram uma pausa na quinta-feira à hora de fecho desta edição. As bolsas reanimaram-se com o superpacote do Banco Central Europeu na quarta-feira à noite e com a perspetiva de um megaimpulso orçamental a ser aprovado no Congresso norte-americano que poderá chegar a 1 bilião de dólares (mais de €900 mil milhões). No entanto, a Bolsa de Lisboa acumula durante a semana perdas de mais de 6%.


A turbulência no mercado da dívida na zona euro também foi travada. Depois de um disparo nos juros das obrigações da região, em particular na dívida dos periféricos, a tendência inverteu-se depois da promessa de Christine Lagarde, de que “não há limites” para o BCE fazer o que for preciso para manter o euro. Os juros (yields) da dívida pública a 10 anos dos quatro periféricos mais afetados pelo ‘teste’ dos investidores à solidez do espaço do euro recuaram de picos registados na quarta-feira. No caso dos juros das obrigações portuguesas, após um pico de 1,6% na quarta-feira, caíram para 1%.


Esta agitação não se ficou apenas pelos periféricos. Houve um recuo impressionante das taxas negativas que dominavam grande parte da dívida dos países membros do euro. Trata-se de uma mudança radical, em particular no momento em que os Estados vão ter de se endividar para dar resposta à crise do coronavírus. Vão ter de pagar mais do que se habituaram nos tempos em que registaram juros em mínimos históricos.