A troca de comunicados entre a Prisa e a Cofina continua, mas o grupo espanhol não quer deixar dúvidas de que o falhanço da compra e venda da Media Capital, a detentora da TVI, se deveu única e exclusivamente à empresa portuguesa.
“A Prisa atuou sempre de boa fé ao longo do processo e nega as afirmações da Cofina em relação a alegados incumprimentos da Prisa. A Cofina nunca a notificou de qualquer falha no âmbito do acordo de compra e venda”, assegura o grupo que controla 95% da Media Capital, em comunicado emitido esta sexta-feira, 20 de março.
A nota da Prisa foi enviada à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários pela Media Capital depois de a dona do Correio da Manhã ter informado o mercado de que a operação foi mesmo cancelada e de ter atribuído as responsabilidades à situação financeira da detentora da TVI, aos efeitos da Covid-19 e ainda a alegados incumprimentos contratuais dos espanhóis. A Prisa, disse a Cofina, “incorreu em violações contratuais graves e, por último, manifestou expressamente a intenção de não cumprir o contrato, o que afetou irremediavelmente a relação de confiança entre as partes”.
“O acordo de compra e venda foi encerrado, tendo a Cofina voluntariamente falhado as obrigações contratuais”, contrapõe a Prisa no comunicado, que frisa que a empresa portuguesa tinha dito, em vários documentos, que tinha os compromissos necessários para financiar a compra da Media Capital, “tanto de instituições de crédito [Santander e Société Générale] como dos acionistas relevantes”.
A Prisa defende mesmo que não recebeu nenhuma comunicação formal da Cofina a indicar a incapacidade para completar o aumento de capital de 85 milhões de euros (dos quais ficou por preencher 3 milhões) nem “a sua vontade em desistir da sua execução”.
Além disso, e apesar de a Cofina ter dado sete dias à Prisa para fazer alterações ao contrato de compra e venda, não chegou a Espanha “nenhuma proposta” para modificá-lo.
Os espanhóis, que também são donos do El País e do jornal económico Cinco Días, já assumiram anteriormente que estão a “levar a cabo todas as medidas e ações contra a Cofina em defesa dos seus interesses, dos acionistas e dos demais afetados pela situação criada pela Cofina”.
A troca de argumentos entre as duas empresas ocorre quando é claro que haverá um litígio entre as duas partes por conta do contrato – a Cofina iria pagar 123 milhões de euros (um valor já revisto em baixa em 50 milhões face ao primeiro preço) por 95% da Media Capital, sendo que os restantes 5% seriam obtidos através de uma oferta pública de aquisição aos restantes acionistas minoritários.