Economia

Governo ainda sem resposta imediata para trabalhadores despedidos por causa da Covid-19

Em entrevista à RTP, o ministro Pedro Siza Vieira disse que o Governo vai avaliar “nos próximos tempos” se terá de “acautelar algumas situações sociais”. “É evidente que uma situação como esta tem custos". Ministro da Economia garante que há já pedidos para aceder à linha de 200 milhões de euros para as PME

Octavio Passos

O Governo tem estado a criar medidas para limitar o impacto negativo do fecho de lojas por conta da pandemia de Covid-19, como alívio de prestações sociais e linhas de crédito. Contudo, para já, ainda nada está definido no que diz respeito a evitar despedimentos em empresas portuguesas. Em entrevista à RTP, Pedro Siza Vieira referiu que o Conselho de Ministros desta sexta-feira e dos “próximos tempos” vão debater o tema. Mas não dá certezas.

“Amanhã [Hoje, 20 de março], o Conselho de Ministros – e nos próximos tempos – continuará a avaliar a situação no sentido de verificar se temos de acautelar algumas situações sociais”, declarou o ministro Adjunto da Economia e da Transição Digital em entrevista à RTP na quinta-feira.

Esta foi uma das respostas às insistentes perguntas sobre as empresas portuguesas que já estão a despedir ou a não renovar contratos a prazos (como a TAP), para o qual Siza Vieira não deu uma resposta concreta. “É evidente que uma situação como esta tem custos”. O trabalho do Governo é “mitigar o impacto adverso”. “Não queria esconder: o impacto é muito brusco. Não se fecham lojas sem que haja impacto muito significativo”, continuou.

Segundo Siza Vieira, já há medidas aprovadas pelo Executivo que visam limitar os despedimentos, como a suspensão dos contratos de trabalho por lay-off (em que gastam menos nos salários dos funcionários), e com o alívio de compromissos perante o Estado e a banca (a TSU é um exemplo). “Todas estas medida se justificam no sentido de proteger emprego. Dar recursos adicionais para preservar capacidade produtiva”, justificou-se à RTP, querendo também “salientar o trabalho de muitos empregadores que estão a proteger os seus trabalhadores”. “São o seu principal ativo”, continuou.

Já há pedidos de apoio para linha de €200 milhões

“As empresas não têm de entrar em dificuldade imediatamente por momentos de liquidez. A primeira prioridade é auxiliar as empresas. Estamos a aliviar alguns compromissos e a dar meios financeiros adicionais”, explicou o governante à RTP, dizendo que o objetivo é que, quando a crise passar, haja capacidade produtiva intacta para responder à procura que então haverá.

Uma das primeiras medidas do Executivo foi o lançamento de uma primeira linha de 200 milhões, para apoio de tesouraria no quadro do programa Capitalizar destinada a PME . “Já está neste momento no sistema bancário e já temos os primeiros pedidos de apoio”, disse o ministro. Estas linhas têm condições de financiamento mais favoráveis do que as que seriam obtidas no mercado, sendo pagas num período até quatro anos.

Já as linhas de 3 mil milhões (para quatro setores – restauração, lazer, alojamentos e indústria), que também serão operacionalizadas pelas instituições financeiras, já estão aprovadas pela Comissão Europeia e “devem estar, nos próximos dias, a chegar aos bancos”. E, depois, à economia.

Siza Vieira lembrou ainda que está a haver um trabalho conjunto com os bancos para que haja uma moratória bancária, “isto é, uma suspensão das obrigações de pagamento de capital e de juros que são devias aos bancos”.