José António dos Santos, o principal acionista individual da SAD do Benfica conhecido como “rei dos frangos” por estar à frente do grupo agroalimentar Valouro, aguarda há mais de um ano o registo concedido pelo Banco de Portugal para que permaneça à frente da Caixa de Crédito Agrícola da Lourinhã (CCAM), a que preside desde 1988. O supervisor da banca continua a fazer perguntas relativas à composição dos órgãos sociais que está prevista para o período 2019-2021, segundo informações obtidas pelo Expresso.
Em dezembro de 2018, houve eleições para os novos órgãos sociais da entidade agrícola da Lourinhã, que faz parte do sistema do Crédito Agrícola, e José António dos Santos, que é também um dos donos do Grupo Valouro, reconquistou a presidência. Só que a equipa vendedora ainda não está formalmente em funções à luz do novo mandato. A lista dos órgãos sociais — uma das cerca de 80 autónomas do grupo — levantou dúvidas à autoridade liderada por Carlos Costa.
“Podemos confirmar que, no âmbito do pedido de autorização para o exercício de funções, foram suscitadas questões referentes à composição geral da lista apresentada aos vários órgãos sociais”, justificou a Caixa da Lourinhã, em resposta a questões do Expresso. As perguntas são feitas quando o Banco de Portugal, no processo de avaliação da adequação dos membros dos órgãos sociais, olha para aspetos como a idoneidade, disponibilidade, experiência e ainda conflitos de interesse.
A entidade financeira sublinha que, embora não possa dar pormenores devido ao sigilo bancário e a proteção de dados, “no último pedido de esclarecimentos recebido por parte da CCAM da Lourinhã, nenhuma das questões se referia ao candidato a presidente José António dos Santos”.
Segundo informações apuradas pelo Expresso, o principal foco de preocupações na avaliação da autoridade bancária que está a ser feita prende-se com eventuais situações de conflitos de interesse que há em membros da lista. Não estará em cima da mesa uma especial atenção à ligação de José António dos Santos ao presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira, com quem tem negócios conjuntos em várias empresas imobiliárias. O banqueiro tem agora cerca de 16% da SAD do SLB.
A Caixa da Lourinhã tem um ativo de €276 milhões e um passivo de €251 milhões.