Economia

Crash em Nova Iorque. Confirma-se a maior queda de sempre

Wall Street fechou esta segunda-feira com a maior queda de sempre do índice Dow Jones, superior a 2000 pontos. A quebra percentual foi a segunda maior desde a crise financeira de 2008

Spencer Platt/Getty Images

Está confirmado. O mais importante índice bolsista do mundo, o Dow Jones 30 (das trinta principais cotadas no New York Stock Exchange, a maior bolsa do mundo), registou nesta segunda-feira negra a maior queda da sua história de 124 anos.

O índice perdeu esta segunda-feira 2013,76 pontos, muito à frente da segunda maior queda registada a 27 de fevereiro passado (1190,95 pontos) e da terceira a 5 de fevereiro de 2018 (1175,21 pontos).

Em termos percentuais, o crash desta segunda-feira do DJ foi o segundo maior desde a crise financeira de 2008, com uma quebra de 7,79%, logo a seguir a uma derrocada de 7,87% a 15 de outubro de 2008. Desde o início do índice foi o décimo primeiro na lista de derrocadas.

O índice S&P 500 fechou a perder 7,6% e o Nasdaq (o índice das tecnológicas) afundou-se 7,3%. O índice MSCI para as duas bolsas nova-iorquinas (NYSE e Nasdaq) recuou 7,7%. Desde início do ano já perdeu quase 15%.

O índice de pânico financeiro que mede a volatilidade diária em Wall Street atingiu 61,62, um máximo desde a crise financeira de 2008.

As maiores quedas diárias de índices bolsistas, com uma derrocada de dois dígitos esta segunda-feira negra, registaram-se em Buenos Aires (Mercal cai 13,8%), Atenas (queda de 13,4%), São Paulo (iBovespa perde 12,17%), Milão (MIB recua 11,2%) e Toronto (quebra de 10,3%). Lisboa, com um recuo de 8,7%, registou a oitava maior queda nos mercados mundiais.

No meio de uma tempestade perfeita

A economia mundial associa agora a possibilidade de uma desaceleração acentuada em 2020 (com o Fundo Monetário Internacional a admitir que o crescimento possa vir a ser inferior a 2,9% registado em 2019), com um processo desinflacionista motivado pelo choque petrolífero invertido em curso (depois do início da guerra de preços entre a Arábia Saudita e a Rússia) e uma derrocada bolsista próxima dos níveis da última crise financeira.

"Uma crise financeira está agora muito próxima", declarou ao Expresso Jim Wyckloff, um dos gurus da Kitco. "Estamos já no meio de uma tempestade perfeita", refere-nos, por seu lado, Brunello Rosa, o sócio de Nouriel Roubini, o conhecido "doutor catástrofe", na consultora sedeada em Londres. "Trata-se de uma crise macroeconómica provocada pela epidemia do coronavírus com repercussões nos mercados financeiros", acrescenta o consultor italiano.

Rosa destaca a conjugação inesperada de dois "cisnes negros", o coronavírus chinês e agora o colapso da aliança entre o cartel da OPEP e a Rússia que provocou uma quebra de preços de venda pela Arábia Saudita e a intenção de inundar o mercado em abril com uma produção de mais de 10 milhões de barris por dia pelo reino saudita.

O índice económico global da consultora alemã Sentix, publicado esta segunda-feira, caiu de 8,1 pontos (positivos) para -12 pontos (negativos). Antes da epidemia do coronavírus chinês se tornar evidente, o índice estava em 12,1 pontos (positivos).