Economia

Covid-19. Está confirmado o cancelamento da maior feira lusa da fileira casa

É mais um contágio via Milão e “foi uma decisão difícil”, diz presidente da APIMA

"Foi uma decisão difícil", em nome "da saúde pública e o superior interesse das empresas nacionais". É assim que Joaquim Carneiro, presidente da APIMA - Associação Portuguesa das Indústrias de Mobiliário e Afins comenta ao Expresso a decisão de cancelar a segunda edição da Portugal Home Week, o maior evento nacional da fileira casa.

Tal como o Expresso noticiou na passada sexta-feira, a realização do evento foi posta em causa por "contágio indireto" via Milão, uma das cidades europeias mais afetadas pelo Covid-19 e ponto de origem de três dos casos confirmados de pessoas que estão internadas no Porto com o vírus.

O surto de coronavírus em Itália ditou o adiamento da feira Salone del Mobile, um dos maiores eventos mundiais do sector, com mais de dois mil expositores de 180 países, em Milão. Inicialmente agendada para os dias 21 e 26 de abril, a feira foi adiada para a semana de 16 a 21 de junho, uma decisão que afeta duplamente a indústria do mobiliário e a fileira casa em Portugal: havia 200 empresas lusas inscritas no evento, considerado decisivo para os seus contactos de negócio, e as novas datas colidiram com as da Portugal Home Week, marcada para 17 a 19 de junho, na Alfândega do Porto.

Este evento, que reúne as principais empresas nacionais da fileira casa já estava lotado, com níveis de adesão superiores à primeira edição, mas mais de 70% dos inscritos estão, também, presentes no Salone del Mobile. Assim, confrontada com a sobreposição de datas, a organização optou por cancelar a edição de 2020.

A APIMA, que apoia diretamente a participação de 80 empresas nacionais no Salone del Mobile, explica: "dividir esforços e a atenção mediática seria negativo para as nossas empresas e para o próprio posicionamento do evento. Preferimos apostar no apoio às empresas nacionais nesta fase complicada, que tem afetado não só os encontros empresariais, como as próprias cadeias de fornecimento, e preparar atempadamente uma edição 2021 que reforce, ainda mais, a inovação, a sofisticação e a pujança da Fileira Casa Portuguesa".

O Portugal Home Week nasceu em 2019, com o objetivo de reforçar a projeção internacional e o posicionamento premium e inovador das indústrias da Fileira Casa. Para além do espaço expositivo e dedicado ao networking, a organização aposta num fórum de debates, designado de Home Summit, acerca do presente e futuro do cluster, com a participação de alguns dos principais agentes e players do panorama mundial.

Na primeira edição recebeu mais de mil visitantes e a organização estima que a atividade económica gerada tenha superado os 10 milhões de euros. Para este ano, a ambição passava por quintuplicar o número de visitantes, registando-se particular procura por parte dos mercados russo, britânico e norte-americano, explica Joaquim Carneiro ao Expresso.

As indústrias da Fileira Casa Portuguesa geraram, em 2018, cerca de 3,5 mil milhões de euros, com mais de 2,5 mil milhões a chegarem por via da exportação (4,3 % do total nacional) para mais de 180 mercados, com destaque para França, Espanha, Reino Unido e Estados Unidos da América.