O SEAL, Sindicato dos Estivadores e da Atividade Logística, decidiu prolongar e alargar a greve em curso no Porto de Lisboa. "O pré-aviso até dia 9 de março estende-se, agora, até ao final do mês e passa a abranger todas as empresas do Porto", adiantou ao Expresso o presidente do SEAL, António Mariano, no final de um plenário.
É assim que, ao terceiro dia de uma greve parcial, os estivadores respondem diretamente ao anúncio de que a A-ETPL tinha decidido pedir a insolvência devido as condições financeiras em que se encontra.
Até ao momento esta greve está a ter a adesão total dos trabalhadores envolvidos (270) e, a partir de dia 9, o SEAL conta alargar a luta aos 350 estivadores de Lisboa, esperando, também, ter ao seu lado "uma dúzia de efetivos dos quadros da Porlis", a empresa de trabalho portuario que o SEAL afirma ter sido criada "para esvaziar a A-ETPL.
No departamento jurídico do sindicato continua, também, em estudo, uma ação contra a empresa por valores em dívida aos trabalhadores que, só no Porto de Lisboa, atingem vários milhões de euros e uma acusação por ação danosa, considerando que o trabalho dos estivadores tem servido "para as empresas tirarem benefícios financeiros diretos, sem que estas suportem os custos reais de tal trabalho”. Como? "Não atualizam tarifas do que requisitam a si próprias há 26 anos", comenta António Mariano, defendendo que em vez de proceder a uma atualização tarifária entre 5% e 10%, a empresa optou por pedir aos trabalhadores uma redução salarial de 15%.
Nos termos da greve convocada para Lisboa, de 19 a 28 de fevereiro, os estivadores só trabalham para a Liscont, Sotagus e Multiterminal (do grupo Yilport) e a TMB (Terminal Multiusos do Beato) no segundo turno, e de 29 de fevereiro a 9 de março não haverá qualquer prestação de trabalho para essas empresas. Estrategicamente, o SEAL deixou automaticamente de fora o grupo ETE, uma vez que o seu representante não subscreveu a carta da A-ETPL, o que foi interpretado como sinal de "futura boa fé negocial". No entanto, neste momento, as 3 empresas do grupo ETE passam a estar, também, abrangidas pelo alargamento do pré-aviso de greve de 9 para 31 de março.
Ao mesmo tempo, há um, pré-aviso de greve em Setúbal para o caso de haver desvios de carga de Lisboa para lá . E "há outras questões pendentes que deverão traduzir.-se, também, em ações de luta em Setúbal", diz António Mariano.
O dirigente sindical deixa, ainda, uma nota sobre os números do movimento portuário em 2019, divulgados hoje pela Autoridade e Mobilidade e Transportes, como noticiou o Expresso , e para indicadores como o facto de Lisboa ter sido o porto que mais contribuiu para o crescimento global do número de escalas, registando +192 escalas (8%).