Economia

Mário Centeno: Portugal “é a economia da zona euro que mais acelera”

“Estamos no bom caminho”, afirmou o ministro das Finanças, comentando os números publicados pelo Instituto Nacional de Estatística sobre o crescimento da economia portuguesa em 2019. “Vamos continuar a convergir com a União Europeia nos próximos anos”, destacou Mário Centeno

RAFAEL MARCHANTE/Lusa

"É um bom dia para a economia portuguesa. São excelentes notícias." Foi desta forma que Mário Centeno, ministro das Finanças, comentou os números publicados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) esta sexta-feira, sobre o comportamento da economia nacional no ano passado.

Segundo a estimativa rápida do INE, o Produto Interno Bruto cresceu 2% em 2019, um número que fica abaixo dos 2,4% registados em 2018, mas supera a estimativa do Governo, que era de 1,9%. Além disso, a atividade económica em Portugal fechou o ano a acelerar, com um crescimento no quarto trimestre de 2,2% em termos homólogos e de 0,6% em cadeia, isto é, em relação aos três meses anteriores.

Falando sobre o quarto trimestre, Centeno frisou que o crescimento em cadeia registado em Portugal é "seis vezes o valor para a área do euro e para os 27 países da União Europeia". Além disso, "é um crescimento muito superior em termos homólogos", também na comparação com a média dos parceiros europeus, frisou o ministro.

E destacou que "é preciso recuar ao início de 2018 para ter níveis de crescimento tão fortes" na economia portuguesa. Mário Centeno foi mais longe, salientando que Portugal destaca-se na Europa: "É a economia da zona euro que mais acelera", vincou.

Uma evolução que "é o resultado de um quarto trimestre muito forte nas exportações", o que "são boas notícias", frisou.

"O comportamento das exportações deve ser realçado, porque acontece num contexto muito difícil, de tensões comerciais a nível mundial", vincou o ministro das Finanças.

Situação “confortável”

Olhando para 2020 e perante a incerteza que rodeia o comportamento da economia europeia e internacional, seja pelo impacto do Brexit, seja pela ameaça do surto de coronavírus, Mário Centeno considerou que "temos projeções para a economia nacional muito sólidas".

Enfatizando, mais uma vez, a aceleração da economia portuguesa no último trimestre do ano passado, o ministro das Finanças considerou que este desempenho "permite ter uma situação confortável face à trajetória externa neste momento".

"Estamos no bom caminho. Vamos continuar a convergir com a União Europeia nos próximos anos", antecipou Centeno, lembrando que esse é também o cenário traçado pelas últimas previsões da Comissão Europeia, divulgadas esta semana.

Questionado sobre uma possível saída do Ministério das Finanças para o Banco de Portugal, Centeno não respondeu.

Contudo, em jeito de recado a Carlos Costa, governador do Banco de Portugal, frisou que os números hoje divulgados "colocam um tom mais positivo na trajetória para 2020 do que as projeções que o Banco de Portugal divulgou". E considerou mesmo que "aproximam-se aliás bastante do que o Governo apresentou" no quadro do Orçamento do Estado para 2020.

Recorde-se que o Ministério das Finanças aponta para um crescimento da economia portuguesa este ano de 1,9%, enquanto o Banco de Portugal sinaliza apenas 1,7%.

Questionado ainda sobre se este desempenho da economia portuguesa em 2019 acima do antecipado pelo Governo pode ajudar a alcançar já um superávite nas contas públicas, e não apenas em 2020 como o Governo antecipa, Centeno não disse que sim... nem que não.

"É cedo para fazer declarações sobre a projeção do saldo orçamental, para além do que está previsto no quadro do Orçamento do Estado", afirmou o ministro das Finanças.

No documento, a equipa de Centeno aponta para um défice de 0,1% do PIB em 2019, alcançando em 2020 um superávite de 0,2% do PIB; o primeiro da história da democracia portuguesa.

O ministro das Finanças assinalou, contudo, que "é público que a execução orçamental em dezembro correu bastante bem". E deixou o resultado em suspense: "Temos de esperar pelos números que o INE vai divulgar em março".