Economia

Mercados assustados com coronavírus. Bolsa chinesa afunda-se 8%

Na China o mercado financeiro está a reagir negativamente ao coronavírus. O impacto da epidemia pode também fazer-se sentir através da desvalorização de algumas matérias-primas especialmente expostas à economia chinesa

JOHANNES EISELE/Getty Images

O índice bolsista chinês CSI300 afundou-se esta segunda-feira quase 8%, o pior desempenho desde agosto de 2015. O índice chegou a desvalorizar 9,1% durante o dia, a maior queda dos últimos 13 anos em sessões de regresso à negociação após as comemorações do ano novo na China, de acordo com o "Financial Times". O impacto do coronavírus na economia poderá ainda fazer-se sentir durante algum tempo.

Mais de 80% das ações cotadas no CSI300 apresentaram esta segunda-feira desvalorizações da ordem dos 10%, apesar do esforço sinalizado pelas autoridades chinesas para tentar estabilizar o mercado, com o banco central a injetar o equivalente a 156 mil milhões de euros no sistema financeiro. A desvalorização daquele índice, segundo dados da Bloomberg e do "Financial Times", correspondeu a uma "evaporação" de 323 mil milhões de euros.

"Esta pandemia não é algo que apenas afete o mercado por uns dias. Vai durar algum tempo", perspetivou o presidente da China Vision Capital, Sun Jianbo, citado pela Bloomberg.

O maior impacto está a ser sentido na bolsa chinesa. Noutras praças financeiras as consequências são mais ténues. Na Europa, por exemplo, a bolsa portuguesa seguia esta manhã a desvalorizar 0,5%, mas o principal índice francês, o CAC40, seguia a valorizar 0,33%. Na Alemanha o índice DAX seguia a subir 0,34%.

Na passada sexta-feira a agência de notação financeira DBRS já havia divulgado uma nota sobre o impacto do coronavírus no mercado. "Embora seja demasiado cedo para calcular o impacto económico do vírus na China, dada a velocidade com que a infeção se espalhou, o impacto deverá ser sentido sobretudo neste primeiro trimestre", avalia a DBRS.

"O consumo, especialmente nas vendas a retalho, deve ser afetado, já que as pessoas limitam as suas atividades fora de casa. De forma menos acentuada, a produção também poderá ser afetada temporariamente pelo prolongamento das férias e por eventuais medidas de contenção do vírus. A disseminação do coronavírus levou as empresas a limitar as viagens para a China, o que afetará a hotelaria, restauração e transporte", refere a DBRS.

O cancelamento de voos de e para a China e a limitação das viagens poderá provocar globalmente uma redução do consumo dos produtos petrolíferos, e, por essa via, baixar a cotação do crude. O "brent", petróleo cujo preço serve de referência para os mercados europeus, está a recuar 0,53%, negociando a 56,3 dólares por barril. Em Portugal a única petrolífera cotada, a Galp, está esta segunda-feira a desvalorizar em bolsa 1,25%.

Também algumas matérias-primas especialmente dependentes do desempenho da economia chinesa registaram esta segunda-feira desvalorizações significativas.

Globalmente o coronavírus já infetou mais de 17 mil pessoas, tendo provocado, até à data, mais de 360 vítimas mortais.