Economia

Jerome Powell: "Não vou especular sobre o coronavírus. Estamos a monitorizar a situação""

O presidente do banco central norte-americano referiu esta quarta-feira, em conferência de imprensa, o vírus chinês como um novo elemento de incerteza na conjuntura mundial

Chip Somodevilla/Getty Images

Apesar do acordo de "primeira fase" entre os Estados Unidos e a China e de um Brexit com acordo no final de janeiro, "permanecem incertezas sobre a perspetiva [da economia mundial], inclusive as que envolvem o coronavírus", disse esta quarta-feira Jerome Powell, presidente da Reserva Federal norte-americana (Fed).

Powell referiu-se ao vírus chinês na conferência de imprensa dada em Washington na sequência da reunião de dois dias de política monetária da Fed, que decidiu manter a taxa diretora, mexendo, no entanto, em aspectos secundários da atual estratégia expansionista.

O risco do coronavírus para a conjuntura económica não é referido no comunicado oficial da reunião da Fed. Mas foi sublinhado na conferência de imprensa dada por Powell.

O presidente do banco central norte-americano recusou-se, no entanto, a "especular" sobre este novo risco surgido inesperadamente no início do ano, tendo, no entanto, sublinhado que se trata "de uma questão muito séria" que a Fed está a "monitorizar com muito cuidado".

Powell adiantou que "a situação está ainda na sua fase inicial e é muito incerta sobre como se espalhará e quais os efeitos macroeconómicos na China e nos seus parceiros comerciais e vizinhos, e em todo o mundo".

Coronavírus ameaça otimismo cauteloso

O coronavírus de Wuhan acabou por ser, no entender de alguns analistas, o primeiro 'cisne negro' de 2020 que ameaça colocar em causa o "optimismo cauteloso para 2020" - como o designou Powell esta quarta-feira - que as organizações internacionais avançaram no início do ano, a começar pelo Fundo Monetário Internacional.

"Com o abrandamento das tensões comerciais e um Brexit não caótico, há sinais e razões para se esperar uma aceleração económica", referiu Powell. "Mas nada é certo", logo acrescentou.

"A própria incerteza sobre as tensões comerciais continua, pelo que há uma posição de esperar para ver. Será que é sustentável o abrandamento das tensões? Temos de ser pacientes em relação aos efeitos [do acordo entre os EUA e a China]. E, entretanto, surgiu o coronavírus", acentuou o presidente da Fed.

A permanência de um nível de incerteza foi um dos aspectos que Powell não deixou de referir mais do que uma vez na conferência de imprensa: "Primeiro, a incerteza sobre a politica comercial permanece elevada. As empresas continuam a identificá-la como um risco contínuo. Ainda temos duas ou três negociações comerciais ativas. Por isso, não desapareceu".