O índice Baltic Dry, que monitoriza os fretes do comércio marítimo mundial de matérias-primas, caiu esta terça-feira para 546 pontos, o nível mais baixo desde abril de 2016.
O pânico nos mercados em torno da progressão do coronavírus de Wuhan acentuou nos últimos dias a trajetória de queda a pique daquele índice do comércio internacional.
O diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS) disse esta terça-feira em Pequim que confia na capacidade da China para evitar uma pandemia. Mas a organização reviu o risco do vírus de “moderado” para “muito alto” na China e “alto” no resto do mundo.
O Baltic Dry registou um pico de 2518 pontos em setembro do ano passado em virtude dos importadores terem antecipado as compras face ao temor de uma escalada na guerra comercial entre os Estados Unidos e a China, que não viria a concretizar-se. Washington e Pequim assinariam uma acordo de primeira fase já em janeiro deste ano.
O 'cisne negro' do coronavírus de Wuhan veio agravar a incerteza sobre a marcha da economia chinesa e mundial.
Em Davos, na semana passada, o Fundo Monetário Internacional avançou com uma previsão otimista sobre o crescimento da China - apontando para uma desaceleração ligeira de 6,1% em 2019 para 6% em 2020 - e com uma aceleração da economia mundial de 2,9% (o pior ano desde 2009) para 3,3%.
Se o coronavírus de Wuhan registar uma progressão similar ao SARS (Síndrome respiratória aguda grave) de 2002 e 2003, o crescimento da economia chinesa poderá sofrer um corte de 1 ponto percentual, avançou a The Economist Intelligence Unit britânica. O impacto negativo dessa desaceleração na economia mundial será importante.
No caso da progressão do vírus se acentuar o próprio transporte marítimo poderá estar sujeito a quarentenas de portos e de navios e a perturbações das cadeias de fornecimento globais, alertam as empresas de shipping.