O Banco central da Suécia decidiu esta quinta-feira, na sua última reunião de política monetária do ano, subir a taxa diretora de -0,25% para zero por cento, num movimento que já era esperado pelos mercados financeiros. A decisão na Direção Executiva não foi tomada por unanimidade, registando-se dois votos contra e quatro a favor.
A nova taxa entra em vigor a 8 de janeiro e os banqueiros centrais em Estocolmo esperam que se mantenha em zero "nos próximos anos", pelo menos até 2022, altura em que as projeções publicadas esta quinta-feira apontam para uma primeira subida em terreno positivo, para 0,1%.
O Riksbank, o mais velho banco central do mundo, já havia apontado na reunião de outubro para o abandono da taxa diretora negativa ainda este ano ou no início do próximo ano, tendo na reunião desta quinta-feira decidido terminar com uma estratégia que durava desde fevereiro de 2015, quando fixou a taxa diretora em -0,1%. A taxa havia sido desagravada de -0,5% para -0,25% em janeiro de 2019.
No entanto, o banco mantém uma taxa negativa sobre os depósitos dos bancos, que, contudo, foi desagravada esta quinta-feira de -0,35% para -0,1%. Até final de outubro passado, estava em -1%, tendo chegado a -1,25% durante 2016 e 2017.
O Riksbank sublinha que, apesar da subida para zero na taxa diretora, a sua política monetária é globalmente "expansionista" - mantém um programa de compra anual de dívida pública na ordem de 45 mil milhões de coroas (€4,3 mil milhões), pelo menos até dezembro de 2020.
Inflação continuará abaixo de 2% até 2022
A decisão foi tomada porque a maioria dos banqueiros centrais suecos considera que a situação económica na Suécia é agora mais "normal" e as "condições globais são relativamente favoráveis".
A inflação tem estado "perto" da meta de 2% desde 2017 e a mais recente estimativa, relativa a novembro, aponta para 1,7%. As projeções publicadas esta quinta-feira só anteveem uma inflação média anual em 2% em 2022. Até lá, a projeção é para 1,8% ao ano. O crescimento económico é inferior ao português - andará entre 1,1% e 1,2% em 2019 e 2020 - e a taxa de desemprego é superior à portuguesa, devendo subir até 7% em 2021.
Esta era uma das decisões de bancos centrais mais esperada nesta quinta-feira, em que já se reuniu o Banco do Japão (que não mexeu no quadro de política monetária) e está em reunião o Banco de Inglaterra.
Primeiro a sair (parcialmente) do 'clube'
O Riksbank é o primeiro dos cinco bancos centrais no mundo que mantêm algum tipo de taxa negativa a abandonar, parcialmente, esse 'clube'.
Fora da Europa, o Banco do Japão mantém uma taxa de -0,1%, que reafirmou, por maioria, esta quinta-feira na sua última reunião do ano.
A saída é, por agora, parcial, porque o Riksbank mantém uma taxa negativa sobre os depósitos dos bancos.
Na Europa, além da Suécia, também a Dinamarca, a Suíça e a Zona Euro aplicam taxas negativas de algum tipo.
O Banco Central Europeu aplica uma taxa de -0,5% sobre os depósitos dos bancos (ainda que com um escalão de isenção) desde setembro, um agravamento decidido ainda na presidência de Mario Draghi, que é muito contestado pelo sector bancário e pelos 'falcões' da área da moeda única, nomeadamente pelo Bundesbank alemão. O BCE iniciou este regime em junho de 2014, avançando, então, com uma taxa de -0,1% sobre os depósitos.
O Banco Central da Dinamarca aplica uma taxa diretora de -0,75% desde fevereiro de 2015, mas tem em vigor uma taxa de 0% sobre os depósitos dos bancos. O regime de taxas negativas iniciou-se em julho de 2012.
Finalmente, o Banco Nacional da Suíça iniciou um regime de taxas negativas em dezembro de 2014, estando atualmente a taxa diretora e sobre os depósitos em -0,75%. O banco prevê manter este regime até 2022.