Economia

Debandada no Haitong: Paulo Martins, administrador histórico do ex-BESI, é uma das saídas

O esvaziar de quadros no antigo BESI, hoje controlado pelo chinês Haitong, tem sido uma constante desde o final de 2016. Agora há três saídas de peso: o administrador responsável por todas as áreas de negócio, Paulo Martins, o tesoureiro, e o diretor de risco

José Carlos Carvalho

O antigo Banco Espírito Santo Investimento (BESI), adquirido em 2014 pelos chineses da Haitong, tem vindo a perder quadros de topo desde que no final de 2016, José Maria Ricciardi saiu da administração. O esvaziamento do banco tem sido uma constante, não parou e agravou-se agora com a saída, em breve, de um administrador histórico do banco, Paulo Martins, o responsável por todas as área de negócio, que estava no ex-BESI há 23 anos. Paulo Martins sai a 31 de dezembro.

Esta segunda-feira na reunião comissão executiva do Haitong Bank foi anunciado, sabe o Expresso, que deixaram de exercer funções o tesoureiro, Carlos Nogueira, o diretor de risco, Pedro Almeida, e um responsável de auditoria interna, Sérgio Pinheiro. Funções chave na gestão de um banco. A área da tesouraria, por exemplo, é a responsável pela liquidez do banco. Carlos Nogueira era também um quadro histórico, estava no antigo BESI há cerca de três décadas, e saiu do Haitong Bank no final de novembro. Estas quatro saídas estão a ser interpretadas como um sinal de discordância face à forma com o banco está a ser gerido.

As funções até agora exercidas por Paulo Martins, braço direito de José Maria Ricciardi, vão passar a ser executadas interinamente por Alan Fernandes, administrador brasileiro e que vive no Brasil. Alan Fernandes foi um dos administradores que transitou do antigo BESI e que se mantém no banco, como líder da operação do Haitong no Brasil, onde o banco tem uma equipa de cerca de 80 pessoas. Será uma gestão à distância porque Alan Fernandes não irá mudar-se para Portugal.

Com as mudanças que irão agora decorrer, Pedro Costa, chefe de gabinente do presidente do Haitong Bank, Wu Min passa a coordenar a atividade comercial do banco. Wu Min assumiu a liderança do banco em maio de 2018.

Questionado pelo Expresso, o Haitong não quis comentar o porquê das saídas. "O banco não comenta situações particulares de seus funcionários, atuais ou antigos, por razões legais e também por respeito às respetivas situações pessoais", sublinhou fonte oficial. E acrescentou: "o banco, enquanto emitente de valores mobiliários admitidos à cotação, fará as competentes divulgações públicas via CMVM quando se mostrarem devidas".

Quanto à saída do administrador Paulo Martins, o Haitong afirma apenas que "o gestor informou da sua intenção de, após o final do corrente mandato que termina a 31 de Dezembro, deixar de exercer cargos de administração executiva. Está atualmente em funções".

O BESI já foi o maior banco de investimento português, mas nos últimos anos tem estado a encolher, com a venda de operações e a saída de trabalhadores. Em 2017 houve um plano de reestruturação que levou à saída amigável de 200 trabalhadores.

Em outubro foi noticiado pelo Expresso que o Haitong tinha deixou de fazer a cobertura e análise financeira das empresas portuguesas e de algumas espanholas cotadas na Bolsa de Madrid.