Se Mario Draghi fica na história como o salvador do euro perante a maior crise desde a criação da moeda única, Christine Lagarde quer deixar a sua marca pessoal na arquitetura de longo prazo da política monetária do Banco Central Europeu (BCE). E deixou isso muito claro na primeira reunião de política monetária a que presidiu, depois de assumir o cargo. Apesar de ter endossado, a pés juntos, a herança do italiano, nomeadamente as últimas medidas de estímulos tomadas à força em setembro, a francesa entrou pelo seu próprio pé. Não é um Draghi no feminino, não é sequer a chefe das pombas no conselho de banqueiros centrais do euro, mas também não é o verdugo dos falcões.
O seu animal de estimação é a coruja, a quem atribuem quatro atributos: a sabedoria (que Lagarde tem referido), o ver bem no escuro , a boa audição e a flexibilidade de girar a cabeça até 270 graus. Já o tinha dito na primeira entrevista que deu como presidente do BCE a um jornal, por sinal alemão, e repetiu-o esta semana na sua primeira conferência de imprensa desde que tomou o lugar, a 1 de novembro. O lema de Lagarde é procurar, por princípio, consensos internos usando a diplomacia a que se habituou enquanto líder do Fundo Monetário Internacional (FMI).
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