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Economia

Emilio Castilla, professor do MIT: “A meritocracia pode criar novas formas de discriminação”

Só uma cultura de mérito conseguirá combater as desigualdades nas empresas. Mas, se mal aplicada, abre caminho à discriminação, diz o professor do Massachussets Institute of Technology, nos EUA

Há duas décadas que Emilio Castilla estuda os sistemas meritocráticos nas organizações e o papel da tecnologia neste modelo de gestão

Os modelos de gestão baseados no mérito são a única forma de combater as desigualdades que ainda persistem no mercado de trabalho e abordar os desafios de atração e retenção de talento que se colocam num contexto de acelerada evolução tecnológica. Mas este é um sistema de “vícios e virtudes”, já que, ao mesmo tempo que procura tornar mais justos os sistemas de recrutamento e progressão nas empresas, se mal implementado, “pode criar novas formas de discriminação e exclusão”. O alerta é lançado por Emilio Castilla, professor da MIT Sloan School of Management, que o Expresso entrevistou à margem do encontro da Global Business School Network, realizado recentemente em Portugal, onde integrou um painel sobre o futuro do trabalho.

No passado, explica Castilla, que é também diretor académico, nos Estados Unidos, do The Lisbon MBA — a parceria de formação executiva que une o instituto americano às universidades portuguesas Nova e Católica —, “os empregos de longa duração, com planos de progressão previsíveis e aumentos estáveis eram a regra nas empresas, sendo os aumentos, por norma, definidos pela senioridade do trabalhador ou garantidos a todos os profissionais em igual percentagem”. Um modelo tradicional que, diz o investigador, “tem sido gradualmente substituído por sistemas de recompensa baseados no mérito e métricas de performance”. E é assim que deve ser, diz: “As empresas devem implementar modelos de gestão que permitam tornar o mercado de trabalho um espaço mais meritocrático e justo, onde os profissionais são contratados e promovidos apenas com base no que fazem e não na sua aparência ou estrato socioeconómico.” Um caminho que, admite, “é mais fácil de anunciar do que de implementar”.

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