Economia

'Big four' da auditoria concentram quase metade da faturação em Portugal

Honorários obtidos por empresas de auditoria ascenderam, em 2018, a 160,2 milhões de euros. Um aumento homólogo de 2%

TIAGO PETINGA/LUSA

As quatro maiores empresas de auditoria do mundo (PwC, Deloitte, KPMG e EY) concentram perto de metade da faturação obtida no país por estas empresas, segundo dados divulgados pela Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

Os honorários obtidos por empresas de auditoria ascenderam, em 2018, a 160,2 milhões de euros, de acordo com os resultados do sistema de controlo de qualidade de auditoria, publicados pelo regulador esta quinta-feira, 26 de setembro.

“O valor global dos honorários de auditoria em 2018 registou um aumento de 2% face ao exercício de 2017”, aponta o documento da CMVM. Este montante engloba tanto as entidades de interesse público (empresas estatais, cotadas, fundos de investimento, etc), sob a supervisão direta do regulador, e aquelas que não se enquadram nesta classificação.

O comunicado de imprensa sobre este relatório revela que “as quatro maiores firmas de auditoria em Portugal representavam 45% do total dos honorários em 2018, havendo maior concentração do que em 2017 (42%)”. As big four da auditoria são a PwC, Deloitte, KPMG e EY, mas o mercado de sociedades auditoras é bem maior, ainda que só concentre 55% da faturação.

Em maio de 2019, havia 1.218 revisores oficiais de contas registados, sendo que havia também 186 sociedades revisoras oficiais de contas, o que faz com que sejam mais de 1.400 os auditores registados na CMVM.

A CMVM é desde 2016 a responsável por supervisionar estes auditores – aliás, é o facto de ser um recente regulador que leva a que, só entre junho de 2018 e maio de 2019, tenha emitido quase 300 recomendações para correção de falhas. O novo regime impôs regras de rotação aos auditores, para assegurar uma maior independência dos auditados. E a CMVM tem sido muito mais reticente na aceitação de exceções à regra. Em 2019, os quatro pedidos de extensão de mandato foram recusados (um deles foi o Banco Montepio, presidida pelo ex-presidente da CMVM, Carlos Tavares, que queria continuar com a KPMG).

Apesar de recente, o regulador aguarda que seja publicado o novo regime jurídico de supervisão de auditoria em que, entre outros, pretende alargar os seus poderes de supervisão intrusiva (avaliação da idoneidade a sócios de sociedades que não sejam auditores), e em que pretende que seja reduzido o leque de entidades de interesse público.