Com a Media Capital/TVI “poderemos fazer uma coisa com piada, mas só farei comentários depois da operação se concluir. O que disser agora só serve para perturbar o negócio. É só esperar mais alguns dias”. Quem acredita que o projeto “pode ter piada” é Mário Ferreira, parceiro da Cofina na operação sobre a Media Capital, em declarações esta segunda-feira ao Expresso.
O fundador da da Douro Azul esconde o jogo, mas reafirma que o novo investimento não desviará o seu foco dos negócios e projetos do turismo náutico e cruzeiros fluviais que são a base do seu grupo.
Após um mês de negociações, o acordo entre a Cofina e a Prisa, o grupo espanhol que detém 94% da Media Capital, está iminente. O negócio está preso por detalhes jurídicos ligados ao lançamento da oferta pública de aquisição sobre o capital disperso em bolsa.
A operação avalia a Media Capital (capital mais dívida) em 255 milhões de euros. O valor final pode estar dependente das audiências médias da TVI ao longo de 2019 e traduz um acentuado desconto face aos 440 milhões de euros que a Altice aceitava pagar em 2017.
Mário Ferreira e o banco galego Abanca (acionista da Media Capital com 5%) participarão num aumento de capital da Cofina estimado em 80 milhões de euros, reduzido a necessidade de financiamento bancário a cargo do Santander e Société Générale.
A junção da Cofina com a Media Capital conduzirá, se todas as operações atuais se mantiverem, a um conglomerado com uma receita acumulada de 270 milhões. É mais de metade de todo o setor de media.
Dinheiro abundante
Em maio passado, Mário Ferreira fez o negócio da sua vida, ao embolsar 75 milhões de euros (mais 175 milhões seguiram para o balanço da empresa) pela venda de 40% da holding dos negócios ligados à água ao fundo americano Certares, o maior distribuidor de viagens nos Estados Unidos. A empresa ficou avaliada em 625 milhões. quase o triplo do preço peço da Media Capital/TVI.
De fora ficaram os negócios hoteleiros e imobiliários. Em outubro de 2018 já engordara a conta com os 38 milhões de euros da venda a um grupo francês do hotel Monumental, na Baixa do Porto.
O dinheiro não é um bem escasso para o "tubarão" português do turismo náutico e cruzeiros fluviais que ganhou fama mediático e paixão pela TV na pele de "tubarão" do Shark Tank. Saiu de cena na SIC, mas volta à televisão três anos depois como parceiro da Cofina na sua ofensiva sobre a TVI.
No último ranking da revista Forbes sobre as fortunas portuguesas, Mário Ferreira teve uma entrada direta para o top 20, com uma fortuna avaliada em 354 milhões.