Economia

Euro sofre dano colateral da escalada entre EUA e China. Moeda única valoriza-se 1,2%

O euro já se valorizou 1,2% desde que Trump anunciou a imposição da taxa de 10% sobre o que restava das importações vindas da China e que Pequim decidiu depreciar a moeda até 7 yuans por dólar. Apreciação do euro face à moeda chinesa é de 3,3% em apenas quatro sessões, muito superior à registada pelo dólar em relação ao yuan

Gavriil Grigorov/Getty Images

O euro já sofreu os primeiros danos colaterais na escalada recente na guerra comercial entre os Estados e a China. Em apenas quatro sessões, entre 1 e 6 de agosto, a moeda única valorizou-se 1,2% em relação a um cabaz de divisas dos 19 principais parceiros da zona euro, segundo dados do Banco Central Europeu.

Uma apreciação do euro significa que as exportações da zona euro ficam mais caras para os clientes fora da zona da moeda única. Implica uma desvantagem competitiva na exportação da zona euro. O cliente estrangeiro tem de dispor de mais moeda própria para cambiar por euros. No entanto, na outra face da moeda, uma apreciação da moeda única significa que a zona euro pode importar mais barato mercadorias e bens pagas em divisas que se desvalorizem em relação à moeda única.

Os dois principais parceiros da zona euro são os Estados Unidos e a China. O euro apreciou-se face às divisas desses dois parceiros nas últimas quatro sessões: 3.3% face ao yuan; e 1,4% face ao dólar, entre 1 de agosto e o fecho desta terça-feira. A valorização do euro face à moeda chinesa foi muito superior à registada, no mesmo período, pelo dólar que se apreciou 1,9% face ao yuan.

Há a assinalar três marcos neste período entre 1 e 6 de agosto, com apenas quatro sessões de mercado. O primeiro, a 1 de agosto, assinado por Donald Trump na quinta-feira passada ao anunciar a imposição de tarifas alfandegárias de 10% sobre o que restava das importações vindas da China que ainda não tinham sido sujeitas às medidas protecionistas. Seguiu-se, a desvalorização do yuan na segunda-feira com o dólar a galgar a barreira dos 7 yuans, o que já não sucedida desde abril de 2008. Ainda no mesmo dia, mas em Washington, o Secretário do Tesouro anunciava que os Estados Unidos passavam a declarar a China como "manipulador de divisas", o que já não sucedia há 25 anos. O Banco Popular da China (PBOC, na sigla em inglês) respondeu classificando a decisão como "um ato caprichoso de unilateralismo e protecionismo".

Queda do yuan foi invertida por Pequim

A valorização face ao yuan desde 1 de agosto registou um pico a 5 de agosto com o euro a valer 7,8705 yuans, tendo descido esta terça-feira para 7,868 yuans no fecho do mercado.

O mesmo movimento de inversão da queda do yuan registou-se esta terça-feira em relação ao dólar. Depois de um pico de 7,05 yuans por dólar a 5 de agosto, o câmbio fechou esta terça-feira em 7,026 yuans, continuando acima da barreira dos 7 yuans, mas invertendo a trajetória altista.

O PBOC deu mostras esta terça-feira de não permitir uma queda livre do yuan face ao dólar e os mercados registaram alguns sintomas de distensão da parte dos Estados Unidos, apesar da declaração da China como "manipulador de divisas" segunda-feira à noite.

O principal assessor económico da Casa Branca, Larry Kudlow, deitou esta terça-feira água na fervura ao dizer que Trump já "declarou várias vezes que quer negociar" com Pequim e sugeriu que o presidente poderá ser flexível na aplicação das novas taxas a 1 de setembro. "As coisas podem mudar", concluiu.