Economia

Wall Street tem a pior sessão de 2019

O índice de pânico disparou 38,6% esta segunda-feira em Wall Street, a maior subida em 2019 deste indicador da volatilidade bolsista. O Dow Jones caiu 2,9%, o S&P 500 perdeu 3% e o Nasdaq recuou 3,47%. Foi a pior sessão do ano. Continua a sentir-se o 'choque Trump'

Pgiam/Getty

O 'choque Trump' intensifica-se. As bolsas nova-iorquinas fecharam esta segunda-feira no vermelho com os principais índices a registarem quedas entre 2,9% e 3,5%.

O índice de volatilidade - mais conhecido por índice de pânico - disparou 38,6%, a maior subida do ano até à data, muito superior às registadas a 7 e 13 de maio, aquando da segunda escalada na guerra comercial entre os EUA e a China e da ruptura da primeira trégua.

As quebras desta segunda-feira nos três índices de referência são, também, as maiores do ano até agora. As duas bolsas dos EUA fecham no vermelho há seis sessões consecutivas, desde 29 de julho.

O índice Dow Jones 30, dos pesos pesados, fechou esta segunda-feira com uma quebra de 2,9%, maior do que as registadas a 3 de janeiro e 13 de maio. No caso do S&P 500 encerou a sessão com um recuo de 3%, superior aos registados naquelas duas datas. O mesmo sucedeu com o Nasdaq, que perdeu 3,47%, acima das quedas naqueles duas datas.

As quebras registadas esta segunda-feira em Nova Iorque foram superiores às verificadas na Europa e na Ásia.

O último abalo em Wall Street e no Nasdaq deu-se a 13 de maio, três dias depois de um outro 'choque Trump', o da entrada em vigor da segunda vaga de taxas aduaneiras norte-americanas sobre as importações vindas da China.

O abalo desta segunda-feira ocorre depois de Trump ter anunciado na semana passada, a 1 de agosto, no 392º dia da guerra comercial em curso, uma nova escalada a partir de 1 de setembro e de Pequim ter dado sinais esta segunda-feira de que já tem em curso uma retaliação, nomeadamente permitindo à moeda chinesa depreciar-se face ao dólar. A divisa norte-americana encerrou esta segunda-feira com uma valorização de 1,6% face ao yuan, ligeiramente acima do limiar dos 7 yuans, o que já não sucedia desde 21 de abril de 2008.

Curva das taxas da dívida pública está invertida parcialmente

No mercado secundário da dívida pública, acentuou-se a inversão parcial na curva das taxas (yields), com as de muito curto prazo em níveis superiores às da referência de longo prazo, a 10 anos. As taxas a 30 dias e a 3 meses estão acima de 2%, enquanto a relativa ao prazo a 10 anos fechou em 1,719%. A 6 e 12 meses as taxas estão também acima da relativa a 10 anos, em 1,989% e 1,802% respetivamente.

Alguns estudos apontam que uma inversão das taxas a 3 meses e 10 anos durante 10 sessões consecutivas é um indicador antecipado de uma recessão nos próximos 12 meses. Essa antecipação verificou-se seis vezes em seis contrações nos últimos 50 anos na economia norte-americana, e nomeadamente em 1990, 2001 e 2007, segundo um estudo de James Bianco, da Bianco Research, de Chicago, publicado em março.

Segundo dados do Federal Reserve Bank of St.Louis, já se registou em 2019 uma inversão de taxas 3 meses/10 anos em 22 a 29 de março, 23 de maio a 22 de julho, e desde 24 de julho até agora.