Economia

Trump avança com nova escalada na guerra comercial. Wall Street amplia quedas

Apesar da Casa Branca ter considerado “construtivas” as reuniões realizadas esta semana em Xangai, o presidente norte-americano anunciou em tweet esta quinta-feira que, no reinício dos encontros em setembro, os Estados Unidos vão impor uma “pequena taxa adicional de 10%” sobre o resto das importações da China ainda não abrangidas. Bolsas de Nova Iorque estão no vermelho

Trump na conferência de imprensa na Casa Branca que se seguiu à assinatura do acordo com a Guatemala
JIM LO SCALZO / EPA

Donald Trump não perdeu tempo logo que os seus negociadores regressaram das negociações em Xangai e foram fazer-lhe o ponto de situação na Sala Oval. Num tweet que apanhou de surpresa os mercados, o inquilino da Casa Branca anuncia esta quinta-feira que, a partir de 1 de setembro, avança com nova etapa na guerra comercial, impondo uma "pequena" taxa aduaneira adicional de 10% sobre o resto das importações vindas da China que ainda não estavam abrangidas.

A partir dessa data toda a importação vinda China está abrangida por taxas impostas no âmbito da guerra comercial e tecnológica iniciada pelos EUA no verão do ano passado. Uma vez mais, com negociações a decorrer em período de trégua, Trump volta a usar o tweet para anunciar nova escalada nas medidas protecionistas contra a China. O presidente tuitou a nova escalada diretamente a partir da Sala Oval ainda com o secretário do Tesouro Steven Mnuchin e o representante para o Comércio Robert Lighthizer presentes, os dois negociadores acabados de chegar de Xangai. Trump recusou avisar previamente Pequim da decisão que ia anunciar via twitter, avançou a Bloomberg.

Em Wall Street, os índices bolsistas que já tinham reagido, com frustração, na quarta-feira à declaração de Jerome Powell de que o corte na taxa diretora não era o início de um ciclo de descidas, ampliaram esta quinta-feira as perdas. O Dow Jones 30 é o que mais se ressente com uma queda de 0,9%, depois de, na quarta-feira, ter fechado com perdas de 1,2%.

O índice de volatilidade VIX - conhecido como índice de pânico - já subiu 11%, depois de na quarta-feira ter aumentado 15,6%. Estas subidas estão ainda distantes dos disparos de mais de 25% no VIX ocorridos em maio quando Trump rompeu com a primeira trégua anunciando uma subida de 10% para 25% nas taxas aplicadas sobre importações no valor de 200 mil milhões de dólares (€180 mil milhões).

As taxas (yields) dos títulos do Tesouro norte-americano a 10 anos caíram abruptamente no mercado secundário da dívida para 1,8%, o nível mais baixo desde o último trimestre de 2016. A curva de taxas surge, novamente, parcialmente invertida, com as rentabilidades a curto prazo, a três, seis e 12 meses, acima da registada para os 10 anos.

Na China, onde já é madrugada de 2 de agosto, ainda não são conhecidas reações. As bolsas de Xangai, Shenzhen e Hong Kong reabrem dentro de seis horas e meia.

Taxas poderão subir acima de 25%, diz Trump

Apesar de considerar que as negociações em Xangai foram "construtivas" e de referir o seu "amigo presidente Xi", Trump anunciou, numa sequência de três tweets, que, no reinício das negociações em setembro, agora em solo norte-americano, as conversações vão decorrer em paralelo com uma nova escalada de taxas alfandegárias. A "pequena taxa adicional" de 10% incide sobre 300 mil milhões de dólares (€271 mil milhões) de importações vindas da China, que ainda não tinham sido abrangidas pela taxa de 25%.

Entretanto, depois da primeira vaga de três tweets, Trump já declarou que as taxas aduaneiras impostas sobre as importações vindas da China poderão subir acima de 25%. O presidente desvalorizou a reação negativa das bolsas, dizendo que "não está nada preocupado".