Economia

Manuel Pinho será interrogado a 10 de setembro por suspeitas de corrupção com a EDP

Ministério Público já informou o antigo ministro da Economia que o quer interrogar no DCIAP daqui a dois meses, como arguido no processo que investiga suspeitas de corrupção entre Pinho e a EDP. Interrogatório acontecerá a apenas duas semanas do início da campanha eleitoral para as legislativas

Pinho e Sá Fernandes foram ao DCIAP a 17 de julho de 2018, mas não prestaram declarações aos procuradores
Luís Barra

O antigo ministro da Economia Manuel Pinho vai ser interrogado a 10 de setembro no Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), no âmbito do processo em que são investigadas suspeitas de corrupção envolvendo Pinho e a EDP, de acordo com os autos do processo, consultado esta sexta-feira pelo Expresso.

O interrogatório de Manuel Pinho está previsto para as 14h30 do dia 10 de setembro e o ex-ministro e o seu advogado, Ricardo Sá Fernandes, já foram notificados desse agendamento.

Recorde-se que Manuel Pinho teve um primeiro interrogatório marcado para julho do ano passado, tendo comparecido no DCIAP. Mas acabou por não ser interrogado, porque o seu advogado interpôs um expediente legal para pedir o afastamento dos procuradores que estão à frente do processo 184/12.

Se se confirmar, será o primeiro interrogatório de um dos arguidos do processo. Até hoje nenhum dos outros arguidos (em que se inclui o presidente executivo da EDP, António Mexia) foi interrogado. Pinho voltou a ter formalmente o estatuto de arguido em junho, depois de vários meses em que defendeu não ser arguido, à luz de uma decisão do juiz de instrução Ivo Rosa.

Os procuradores responsáveis por esta investigação têm estado a ouvir diversas personalidades como testemunhas. Pelo DCIAP já passaram vários funcionários e gestores da EDP, antigos colaboradores de Manuel Pinho no Ministério da Economia e outras testemunhas.

Para o mesmo dia em que Manuel Pinho será interrogado os procuradores agendaram a inquirição como testemunha de Luís Gravito, da Boston Consulting Group, empresa que cedeu o também arguido João Conceição (atual administrador da REN) como consultor de Pinho no Ministério, ao mesmo tempo que mantinha vários contratos e trabalhos para a EDP.

O presidente executivo da EDP, arguido neste processo desde junho de 2017, não foi ainda interrogado nem há data marcada para interrogatório.

Antigos administradores da Comporta também serão ouvidos

Entre as testemunhas que o DCIAP irá em breve ouvir estão Carlos Beirão da Veiga e Carlos Cortês, antigos administradores da Herdade da Comporta. Foram convocados para prestarem depoimentos a 4 e 5 de setembro, respetivamente, segundo os autos do processo, que o Expresso consultou.

Os procuradores do DCIAP, além das suspeitas sobre a ligação entre Pinho e a EDP, estão a investigar as ligações de Pinho ao Grupo Espírito Santo e eventuais favorecimentos que o governante tenha feito a interesses económicos do GES.

A realização da Ryder's Cup (competição internacional de golfe) na Herdade da Comporta (que era um dos principais ativos do GES) não chegou a concretizar-se, mas foi promovida publicamente por Manuel Pinho, que ainda não explicou publicamente porque recebia numa sociedade offshore transferências mensais da Espírito Santo Enterprises (o chamado saco azul do GES) enquanto era ministro (de 2005 a 2009).