Economia

Palacete Pinto Leite. António Oliveira vende a quota ao sócio Moutinho Cardoso

Ex-selecionador de futebol encaixou na operação mais de um milhão de euros

António Oliveira abandona o projeto de centro de artes do palacete Pinto Leite, no Porto.
Rui Duarte Silva

Três anos depois da hasta pública da Câmara Municipal do Porto (CMP), o palacete Pinto Leite conhece um novo episódio: António Oliveira, o ex-selecionador que se tornou investidor ligado à arte, vinho, hotelaria e imobiliário, abandona o projeto cultural e cede a sua posição (50%) ao sócio, António Moutinho Cardoso.

Nenhum dos intervenientes no negócio esteve disponível para falar do assunto. A transação foi formalizada há alguns meses (a mudança na administração foi registada em meados de março) e traduziu-se numa receita superior a um milhão de euros para António Oliveira.

No leilão municipal, a empresa de Oliveira e Cardoso (Títulos e Narrativas, Lda) ganhara com um lance de 1,643 milhões de euros, batendo na licitação o rival Mário Ferreira (Douro Azul). A escritura foi celebrada um ano depois do leilão. Cada um dos sócio aplicou 800 mil euros.

Moutinho Cardoso é o maior investidor individual da EDP. Cruzou-se com Oliveira no palacete na véspera da hasta pública e selaram ali uma coligação de vontades. O palacete fora mandado construir por Joaquim Pinto Leite em meados do século XIX e adquirido pela CMP (1966) para instalar o Conservatório de Música que ali funcionou até 2008.

Centro de artes

Oliveira e Cardoso têm em comum o gosto pela arte e serem donos de apreciáveis coleções de pintura. Na altura da aquisição, a dupla de investidores sublinhara a intenção de "desenvolver um projeto aberto à cidade que constitua uma marca do seu roteiro artístico e a projete no mundo, em termos culturais".

Após as obras de adaptação, o palacete deverá acolher residências artísticas, exposições temporárias e a coleção de mais de 300 quadros de pintores contemporâneos de Moutinho Cardoso.

António Oliveira detém, desde 2012, uma participação no Fundo Especial de Investimento Imobiliário criado pela CMP para demolir o bairro do Aleixo, no Porto. O seu último projeto no Porto foi a transformação do antigo edifício de A Brasileira, num novo hotel de seis pisos da marca Pestana, inaugurado em maio de 2018.

O ex-selecionador participou na recente corrida à compra do Teatro Sá da Bandeira, que fica em frente de A Brasileira,. Mas, a sua oferta de 3,2 milhões foi superada em 300 mil pela proposta da Livraria Lello.