O negócio do açúcar continua a penalizar o desempenho do grupo RAR. O grupo de João Nuno Macedo Silva fechou 2018 com lucros de 9,8 milhões de euros (9 milhões em 2017) e receitas de 785 milhões.
A RAR Açúcar foi a única empresa do conglomerado que registou um resultado de exploração negativo (1,4 milhões de euros), apesar da evolução favorável face ao ano anterior (3,7 milhões).
Irracionalidade económica no açúcar
Num mercado "cujas regras protegem os fabricantes de açúcar a partir de beterraba e em que tem imperado a irracionalidade económica, a empresa conseguiu recuperar alguma rentabilidade", refere a holding no relatório publicado esta semana. Mas, o ambiente e que a RAR Açúcar se move "é complexo e adverso".
A alteração recente das regras europeias levou ao fim das quotas de açúcar de beterraba e limites quantitativos à exportação " não alterou as regras do setor refinador e mantém o desequilíbrio concorrencial em desfavor do refinadores".
Esta nova realidade " leva a RAR Açúcar a reforçar a sua competitividade" e reforçar "a sua diferenciação no mercado". Em 2018, o negocio do açúcar gerou vendas de 57,2 milhões, uma redução face aos 76 milhões do ano anterior.
No setor alimentar, a A Vitcaress (produtos frescos) voltou a crescer a rentabilidade. Beneficia dos investimentos realizados "preservando a sua posição de liderança em ervas frescas no Reino Unido e de saladas em Portugal". O volume de negócios de 126 milhões de euros subiu ligeiramente face a 2017, tal como os meios libertos de exploração (13 milhões).
Colep: Más notícias do Brasil
A Colep (embalagens) teve um "ano atribulado" na Europa e Brasil. Na Europa, por causa da venda da sua fábrica de Zülpich (Alemanha) que gerou uma perda de 5,8 milhões de euros e forçou a transferir a produção para unidades na Alemanha e na Polónia.
O segmento de líquidos e cremes foi o mais afetado enquanto a divisão de packaging sofreu, nos aerossóis, "a forte concorrência de operadores do leste europeu", nota o relatório da RAR Holding.
No Brasil, a sucursal Provider recebeu no início de 2019 uma má notícia do Fisco brasileiro. Uma correção ao cálculo do imposto de 2014 elevava para 18,4 milhões de reais (4,2 milhões de euros), incluindo juros e a multa, o valor reclamado pela administração tributária. A Colep impugnou a cobrança e o litígio segue na frente judicial.
Ainda no Brasil, o processo de concentração de duas unidades fabris de líquidos & cremes envolveu um custso de 3,9 milhões de euros no biénio 2017/18. Apesar das sinergias decorrentes da operação, a Colep "aplicou um plano adicional de racionalização das filiais no Brasil para responder à situação do país que continuou a não permitir a retoma do consumo".
A Colep conta com uma rede de 16 fábricas e fechou 2018 com uma receita de 432,3 milhões de euros, acima dos 411,2 milhões do ano anterior. Mas, o desempenho operacional (45,1 milhões) registou uma redução face a 2017 (48,1 milhões).
A RAR opera ainda no setor imobiliário desenvolvendo três projetos residenciais e no comércio internacional, através da Acembex. A Acembex é o maior operador português de cereais e matérias primas para a indústria agro-alimentar. No segmento dos cereais detém uma quota de 22% de um mercado avaliado em 4 milhões de toneladas.