Na segunda audição da comissão parlamentar de inquérito à gestão da Caixa Geral de Depósitos (CGD), Vítor Constâncio respondeu a várias questões, insistindo que o Banco de Portugal não autoriza operações de crédito, que não se reuniu com o empresário Joe Berardo a sós e, quando questionado sobre se vai ser testemunha no processo de execução que os três bancos, CGD, BCP e Novo Banco, desencadearam contra a Fundação Berardo, deixou uma afirmação dura: "Berardo terá de ponderar muito se quer que eu seja sua testemunha ".
Vítor Constâncio disse, mesmo, que a expectativa de Berardo em chamá-lo como testemunha nesse processo não faz sentido: "Ao contrário do que ele procura fazer crer, o património da Fundação responde por este crédito. A minha visão sobre este problema não é igual à dele".
Em causa está o financiamento da CGD, numa conta-corrente até 350 milhões de euros, que foi concedido e utilizado por Berardo para reforçar a sua posição acionista no BCP em 2007.
A resposta de Berardo não demorou a chegar. E fonte da Fundação José Berardo confirmou ao Expresso que "depois de saber das declarações do sr. Dr. Vítor Constâncio, Berardo não tem dúvidas que o ex-governador será testemunha, ainda que se apresente como testemunha hostil".
Não foi a única posição em que Constâncio desafia o empresário. “O comendador está incrédulo com a falta de memória de Vítor Constâncio acerca de uma reunião a sós, em julho”, disse fonte oficial de Berardo ao Observador.
Constâncio desmentiu, esta terça-feira, que alguma vez tenha tido uma reunião a sós com Berardo, como o empresário tinha dito na sua audição. “Tudo isso é mentira. Vou analisar essas declarações. Vou analisar essas mentiras. Tudo isso é mentira", reagiu o antigo governador.