O primeiro-ministro considerou esta segunda-feira que Portugal está "seguramente chocado com o desplante" de Joe Berardo, quando foi ouvido na Assembleia da República, em debate quinzenal, e disse esperar que o empresário pague "o que deve" à Caixa Geral de Depósitos.
"O país está chocado pelo desplante como o sr. Berardo respondeu nesta Assembleia a República", respondeu António Costa. "A atual gestão da Caixa, nomeada por este Governo, acionou Berardo para pagar o que deve à Caixa", declarou, sublinhando que não há razão para que a CGD perdoe créditos.
António Costa respondia a uma questão de Catarina Martins, que insistiu sobretudo na questão da audição de Joe Berardo no Parlamento, usando termos como "parasitagem do Estado" e "gangsterismo financeiro". E chamou a atenção para alegadas contradições do Governo em relação à coleção Berardo.
"O ministro da Cultura disse que não havia penhora sobre os quadros. Se já havia penhora porque é que fez novo contrato e o ministro disse que não havia penhora? Deixou de ter opção de compra no fim do contrato", perguntou.
Sobre a coleção, o primeiro-ministro disse não ter informação sobre a penhora: "Mas temos informação de que, no protocolo, o Estado não abdicou da opção de comprar". Costa ressalvou ainda que se a associação que detém a coleção mudar de mãos, a opção de compra do Estado mantém-se. Não respondeu, no entanto, à pergunta de Catarina Martins sobre se o preço de 316 milhões se mantinha.
"Aquilo que tenho a desejar é que, naturalmente, a justiça funcione e que o que é devido seja obviamente pago, porque não há nenhuma razão para que a Caixa Geral de Depósitos [CGD] perdoe qualquer tipo de crédito, designadamente não perdoe créditos a quem tem a obrigação estrita de os pagar", notou.
Na opinião de Catarina Martins, o banco foi "completamente irresponsável" neste caso. A bloquista falou também num "esquema" por parte de Joe Berardo, que incluiu "manobras, trafulhice e prejuízos para o Estado".
O empresário madeirense foi ouvido no parlamento na sexta-feira, onde disse que é "claro" que não tem dívidas, e confirmou que a garantia que os bancos têm é da Associação Coleção Berardo, e não das obras de arte.