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Sonae Sierra quer trazer luxo para os centros comerciais

A Polónia e tudo à volta são o novo alvo da empresa, através da Sierra Balmain

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A Sonae Sierra está a aproveitar a expansão do NorteShopping, em Matosinhos, para lançar o conceito pioneiro da Galleria, uma área especial cria­da para atrair lojas premium, de marcas posicionadas na fronteira do mercado de luxo.

A empresa especialista em centros comerciais/retalho imobiliário procura, assim, alargar a oferta a marcas de prestígio, tradicionalmente posicionadas em lojas de rua, e aproximar-se do mundo das marcas de luxo que “na Europa não entram nos centros comerciais”, diz ao Expresso Fernando Guedes de Oliveira, presidente executivo da Sonae Sierra.

A oportunidade de lançar este projeto surgiu com a expansão do NorteShopping, num investimento de €77 milhões que permitirá aumentar a área bruta locável em 13 mil m2, criar mais mil lugares de estacionamento e modernizar o espaço atual até ao final de 2020, mas com uma primeira fase a inaugurar antes do outono.

Sem complexos, a Sonae Sierra combina aqui o alargamento da cadeia irlandesa de vestuário low cost Primark, que assume uma versão XXL, para ocupar metade dos 13 mil m2, com a nova oferta premium, mas separa as inaugurações e adia a estreia da Galleria, onde as lojas terão montras com 7,5 metros de altura, para 2020. E se todo o espaço disponível no NorteShopping depois da primeira fase do alargamento está já colocado a 100%, “a Galleria não. Temos negociações em curso com várias marcas, mas este é um processo mais lento. Somos muito cuidadosos na forma como lidamos com o novo conceito”, diz Fernando Guedes de Oliveira.

O Colombo está a mudar

Em Lisboa, no Centro Colombo, a Sonae Sierra tem, também, planos para investir €151 milhões na construção de um novo edifício de escritórios, com 33 mil m2, e na expansão da área comercial, com um novo piso e mais 10.500 m2.

O plano de trabalhos mostra que as duas novas torres previstas no projeto inicial, já com 30 anos, vão dar lugar a um edifício mais comprido, de nove pisos, trocando a altura pelo comprimento, e revelou a necessidade de reforçar a base do Colombo, onde já está tudo licenciado e as obras deverão arrancar ainda em 2019.

Mas a principal fatia dos investimentos de €731 milhões em projetos de desenvolvimento em curso está no exterior. A inauguração mais recente da empresa foi na Colômbia, em fevereiro: o Jardin Plaza Cúcuta, construído junto à fronteira com a Venezuela, envolveu €52 milhões, numa parceria com a Central Control. Agora, até ao final do ano, está agendada a conclusão da segunda fase do McArthur Designer Málaga, em Espanha, e a sua inauguração, depois de um investimento de €115 milhões com a McArthurGlen, assim como a abertura do Emilia District, na cidade italiana de Parma, numa parceria da Sonae Sierra e da Impresa Pizzarotti orçada em €227 milhões. Em Marrocos, o desenvolvimento da segunda fase do Zenata’s Land, com um investimento de €100 milhões e uma participação de 11% da empresa, deverá estar concluído em 2021.

De olhos postos no Leste

A Polónia, onde a Sonae Sierra adquiriu uma participação de 50% na Balman Asset Management, criou a Sierra Balmain para entrar no novo mercado e tem já 15 ativos sob gestão, vem abrir uma nova área de expansão para a empresa.

Fernando Guedes de Oliveira admite que este “é um mercado maduro”, mas a par da prestação de serviços pode haver investimento no desenvolvimento de projetos no país “caso surjam oportunidades”. E adianta que o objetivo aqui é alargar a área de influência para os países adjacentes. “Todos os países que fazem fronteira com a Polónia passam a estar no nosso radar”, diz o gestor, apontando assim para alvos como a República Checa, Eslováquia, Ucrânia, Bielorrúsia ou Lituânia.

Já no Médio Oriente, Fernando Guedes de Oliveira diz que o interesse da empresa está concentrado na prestação de serviços. “É um mercado muito maduro, com muita concorrência e níveis de investimento de outra dimensão. Não é para a Sonae Sierra”, justifica.

Colocando o foco no desenvolvimento de novos projetos, prestação de serviços a terceiros e gestão ativa do portefólio, a Sonae Sierra trabalha com mais de 20 investidores a nível de ativos e gere quatro fundos imobiliários. Em 2018, registou um resultado direto de €66,5 milhões (+3%) e um EBIT de €107,7 milhões (+2,8%), viu o valor dos seus ativos subir 1,6%, com o NAV nos €1,5 mil milhões, e refinanciou mil milhões de dívida.

Com 42 centros comerciais detidos ou codetidos, a que corresponde um valor de mercado de €7 mil milhões, e a gestão de 98 centros comerciais, a empresa reúne no seu portefólio 4300 lojistas e tem mais de mil trabalhadores.