A SAG - Soluções Automóvel Globais, empresa que tem como maior acionista o empresário João Pereira Coutinho, acordou vender à Porsche, pelo valor simbólico de um euro, a SIVA, a principal empresa do grupo, dedicada à venda em Portugal de automóveis da Volkswagen e de outras marcas deste grupo alemão.
O acordo foi anunciado na noite de terça-feira, com a SAG a informar o mercado de que deram entrada, em tribunal, dois processos especiais de revitalização, um para a SAG e outro para a SIVA, ambos com o apoio dos bancos credores. A banca foi peça essencial neste negócio, ao aceitar perdoar grande parte da dívida do grupo automóvel de Pereira Coutinho.
Adicionalmente, a SAG anunciou o lançamento de uma oferta pública de aquisição sobre o seu próprio capital que está disperso por pequenos acionistas, para permitir a estes investidores sair da empresa, já que a "nova SAG" será consideravelmente diferente da atual e as receitas geradas nos próximos anos serão integralmente canalizadas para reembolsar dívida, sem remuneração acionista.
O acordo com a banca prevê um perdão de dívida bancária de no mínimo 116 milhões de euros, dos quais 16 milhões de euros no acordo extrajudicial de recuperação da SAG e 100 milhões no acordo relativo à SIVA.
Na SAG os bancos irão perdoar 16 milhões de euros (o BCP perdoa 10 milhões, o Novo Banco 5,3 milhões e o BPI 466 mil euros), ficando com 57 milhões a receber (um milhão por ano até 2029, ano em que serão reembolsados de 47 milhões de euros).
Para a SIVA está previsto um perdão bancário mínimo de 100 milhões de euros, mas que poderá ser maior se tal for necessário para a empresa ficar com uma situação patrimonial positiva. O acordo da SIVA envolve o BCP, Novo Banco, BPI e ainda a Caixa Geral de Depósitos. Para já os quatro bancos (aos quais a SIVA deve 147 milhões de euros) acordaram perdoar 100 milhões de créditos e diferir para mais tarde o pagamento de outros 20 milhões de euros. O passivo total da SIVA ronda os 166 milhões de euros.
No que respeita ao grupo SAG está também prevista a anulação total de créditos subordinados no valor de 253 milhões de euros, aqui se incluindo créditos que os acionistas têm sobre a SAG e que as próprias subsidiárias da SAG têm na casa-mãe, não sendo claro no comunicado que o grupo emitiu se a banca tem alguma exposição a estes créditos.
Certo é que além do perdão de dívida na SIVA e na SAG os bancos portugueses acordaram ainda emitir garantias bancárias para permitir no imediato que a distribuidora da Volkswagen em Portugal (e de outras marcas do grupo alemão, como a Audi) continue a importar e a vender carros no mercado nacional.