Economia

Construção. Conduril com receita e lucros em queda por causa de Angola

A redução de atividade em Angola afetou o desempenho da Conduril em 2018. A faturação desceu para 124,5 milhões e o lucro encolheu para 3 milhões

Benedita Martins dirige a construtora, com sede em Ermesinde, fundada pelo pai.

A Conduril, a construtora da família Amorim Martins e participada pelo BPI (10%) que este ano festeja 60 anos, fechou 2018 com um lucro de 3 milhões de euros, menos de metade do registado no exercício anterior (7 milhões). O declínio do mercado angolano (redução de 30%) explica a evolução desfavorável.

Os principais indicadores da construtora estiveram todos em queda. A receita (124,5 milhões) reduziu 22 milhões de euros face a 2017 e o resultado operacional evoluiu de 25,1 milhões (2017) para 19,1 milhões de euros. Os encargos financeiros registaram uma evolução favorável: 6,4 milhões de euros face aos 11,2 milhões de 2017.

O exercício de 2018 fica como o pior da década de uma construtora habituada a gerar receitas da ordem dos 200 milhões e lucros (até 2015) acima dos 20 milhões.

O grupo Condurl conta com 2100 assalariados nos oito mercados em que opera.

Angola em queda

Em 2018, o mercado doméstico pesou um quarto da faturação. No exterior, Angola lidera (51 milhões), seguido da Zâmbia (21,4 milhões) e Moçambique (11 milhões). A redução em Angola, um mercado que já representou 80% da produção, afetou severamente o desempenho operacional.

As obras em carteira somam 300 milhões, uma cifra ao nível do ano anterior, "havendo boas perspetivas de reforço a curto prazo", diz a administração, liderada por Benedita Martins.

A construtora vai distribuir 900 mil euros de dividendos aos acionistas (2,7 milhões em 2017).

Preços degradados

No relatório de gestão, a administração da Conduril queixa-se do aviltamento de preços na indústria. A deterioração do ambiente concorrencial "tem levado as empresas do setor a praticarem uma política de preços excessivamente baixos".

A atividade em Portugal "está muito aquém do previsto, por força das indefinições de projetos já adjudicados e dos atrasos na implementação do plano de investimentos para o período 2014/2020", diz o relatório.

Benedita Martins acredita, em 2019, num desempenho mais favorável, com receita e lucros a subirem. A construtora permanece com uma robustez financeira invejável para o setor em que opera, com um capital próprio de 218 milhões de euros. E disponibilidades financeiras superiores á dívida bancária.

A Conduril combina duas originalidades. Uma delas é ter dívida líquida negativa (19,6 milhões). Isto é, os ativos financeiros e depósitos bancários de que dispõe supera os financiamentos que recebeu do sistema bancário, A dívida bruta é de 116 milhões).

A outra originalidade é de género. Entre as grandes construtoras, é a única conduzida no feminino. A engenheira Benedita conta com a irmã Maria Luísa como principal braço direto na administração da empresa fundada pelo pai.

Apesar de já ter escrutinado novos mercados na América Latina, a Conduril permanece focada no continente africano.