Na Sonae Arauco, detida em partes iguais pela Sonae Indústria e pela chilena Arauco, a estratégia para 2019/2020 dita investimentos de €77 milhões entre Portugal, África do Sul e Alemanha. O objetivo é modernizar equipamentos e tornar o negócio mais competitivo, sem esquecer a sustentabilidade.
A conjuntura pode não ser a mais favorável: o abrandamento da procura que começou a fazer sentir-se na Europa no segundo semestre de 2018, continua a manifestar-se em 2019, "também devido ao aumento da capacidade dos concorrentes", designadamente na Península Ibérica e na América do Norte, sublinha Christopher Lawrie, presidente do comíté de gestão da Sonae Indústria. Mas a empresa está decidida a investir, concluindo o projeto de Mangualde, que já absorveu €27 milhões dos €42 milhões anunciados no ano passado, aplicando €50 milhões na fábrica de Beeskow, na Alemanha, e canalizando mais €12 milhões numa nova linha de produção de revestimento a papel melamínico na unidade industrial de White River, na África do Sul.
No caso da fábrica alemã, um dos factores que pesa na decisão é o fornecimento à IKEA, "um cliente muito importante" da empresa, por via das exportações para a Polónia. E que também é um cliente importante em Portugal, destaca.
"Desde 2008, e com o investimento previsto para 2019, teremos substituído, desativado ou vendido 14 prensas não contínuas. Isto representa um investimento fulcral para o futuro que nos dotará de uma plataforma significativamente melhorada para a criação de valor e para suportar as fases negativas dos ciclos do sector", sublinha o gestor.
No caso concreto da Sonae Indústria, "há investimento normais em curso, mas o último grande projeto foi a linha de melamina no Canadá, em 2016", diz o gestor, admitindo que este "é um negócio que exige investimento contínuo" e "nos anos de pressão financeira" no passado recente da empresa, "foi preciso parar muitos investimentos nas fábricas".
Sobre 2018, na conferência de imprensa de apresentação dos resultados, Christopher Lawrie sublinhou o facto da Sonae Indústria ter registado o seu terceiro exercício consecutivo com resultados positivos, "depois do período difícil vivido nos anos anteriores.
Apesar da nota positiva, os lucros caíram 27,8%, de €15,3 milhões para €11 milhões, com o EBITDA recorrente a descer de 38,1 milhões para 26,7 milhões, e o volume de negócios a descer 4,6% para os 220,2 milhões.
Atenção á América do Norte
Nos resultados do exercício, pesaram factores vários, como o incremento de custos variáveis, dos químicos à energia e manutenção que não foi possível refletir nos preços e reduziram margens, ou o incêndio de uma linha de produção no Canadá logo depois do período habitual de paragem de manutenção. Nas vendas, há, também, o impacto do encerramento de vários meses das fábricas de Mangualde e Oliveira do Hospital depois dos incêndios de outubro de 2017. Aliás, a operação em pleno das duas unidades começou, apenas, no final do primeiro semestre, tendo o seguro coberto perdas de exploração e perdas patrimoniais de 49 milhões de euros nas duas unidades industriais.
O grupo tem à venda ativos industriais no norte de Portugal, na Galiza (Espanha) Espanha e na Alemanha (Horn), dando continuidade a uma política de alienação de terrenos e instalações que já vem de trás e rendeu, em 2018, sete milhões de euros, usados para ajudar a reduzir a dívida.
A dívida líquida proporcional do grupo, integrando os 50% da Sonae Indústria na parceria com a Arauco, diminuiu quase quatro milhões de euros, para 279,5 milhões de euros.
Nas perspetivas para o futuro, Christopher Lawrie, deixa uma nota de otimismo: "Queremos resultados melhores que os do ano passado que ficaram abaixo das nossas expetativas" e deixa claro que um dos focos está "na procura de novas oportunidades de crescimento na América do Norte".